O Arquivo Histórico Presbiteriano (AHP) é o principal acervo documental da Igreja Presbiteriana do Brasil. Seus primórdios remontam à criação do Museu Presbiteriano, organizado como parte das comemorações do centenário da obra presbiteriana no Brasil, em 1959. O museu resultou dos esforços do Rev. Júlio Andrade Ferreira, historiador da IPB a partir de 1942, do Rev. Benjamim Lenz de Araújo César, que percorreu muitas regiões do país em busca de objetos e documentos de valor histórico, e do Dr. Paulo Lenz César, que ofereceu os recursos financeiros para o projeto. O Museu Presbiteriano foi instalado nas dependências do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas.
Em 1967, a Comissão Executiva do Supremo Concílio determinou a criação do Arquivo Histórico, encarregando o secretário executivo de providenciar a sua organização e de relacioná-la até onde possível com a função do historiador da igreja, cargo que continuava a ser exercido pelo Rev. Júlio Andrade Ferreira. Em 1972, o Rev. Boanerges Ribeiro, então presidente do Supremo Concílio da IPB e destacado historiador, foi nomeado curador do Museu e do Arquivo Presbiterianos.
O Rev. Paulo Viana de Moura, genro do Rev. Boanerges e professor do Seminário de Campinas, passou a administrar o arquivo informalmente, sendo nomeado para dirigi-lo pela CE/SC em 1980. Em 1987, a maior parte do acervo foi transferida para as dependências da recém-criada Fundação Educacional Rev. José Manoel da Conceição, no bairro do Campo Belo, em São Paulo, e entregue aos cuidados do Rev. Eliezer Bernardes da Silva. Mais tarde veio colaborar nesse trabalho o Rev. Enos Moura (2000-2017). O Rev. Eliezer afastou-se em 2021, após mais de trinta anos de serviços.
O Museu Presbiteriano permaneceu em Campinas, tendo como curador o Rev. Ludgero Bonilha Morais, secretário executivo do Supremo Concílio, e como responsável o Rev. Silas Luiz de Souza, professor de história da igreja no Seminário do Sul. Após ampla reforma de uma parte do pavimento térreo do Edifício Raquel Pinheiro Martins, na qual foi implantado um moderno espaço para exposições, o museu foi reinaugurado em 10 de agosto de 2006 com o nome de Museu Presbiteriano Rev. Júlio Andrade Ferreira, ficando sob a responsabilidade da Sra. Flávia Cardia. Mais tarde (2020), com o auxílio do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), seria feita uma ampla reforma da sala do acervo e do sistema de climatização.
Em 1999, o Dr. Alderi Souza de Matos, professor de história da igreja no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), foi nomeado pelo Supremo Concílio para o cargo de Historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil, passando a trabalhar em estreita conexão com o arquivo e o museu presbiterianos. Em 2014, recebeu o encargo adicional de Curador dos Museus da IPB, ficando responsável pelos referidos acervos. No mesmo ano, ele adquiriu para o Arquivo Presbiteriano 26 rolos de microfilme contendo a valiosa correspondência dos missionários da Igreja do Norte (PCUSA) que trabalharam no Brasil com a Junta de Nova York, cobrindo meio século (1859-1911). Posteriormente, esse material foi digitalizado com o apoio financeiro do IPM.
Em 2016, a professora Márcia Serra Ribeiro Viana doou ao Seminário do Norte a valiosa biblioteca e acervo de documentos de seu falecido esposo, Rev. Paulo Viana de Moura. Mediante solicitação do então diretor do SPN, Rev. Marcos André Marques, o Rev. Alderi Matos obteve recursos junto à tesouraria da IPB para o transporte desse material de São Paulo para o Recife. Em 2019, o Rev. José Roberto de Souza foi contratado para organizar o novo arquivo da IPB no Nordeste, reunindo materiais que já existiam no SPN e a biblioteca do Rev. Paulo Viana. O Rev. Alderi Matos tornou-se o curador desse arquivo, acompanhando o trabalho inicial de organização e adquirindo as estantes. Em 2022, o Supremo Concílio criou uma curadoria separada para esse acervo.
Quanto ao Arquivo Histórico Presbiteriano (São Paulo), trata-se do principal repositório documental da história da IPB. Em 2015 e 2016, com o auxílio da jovem Gabrielle Braga de Lacerda, que serviu o arquivo por sete anos (2011-2018), foi feita uma triagem cuidadosa dos materiais, sendo descartados muitos itens irrelevantes. O restante foi acondicionado em caixas, com as devidas etiquetas de identificação. Outra realização significativa foi a digitalização quase integral dos principais periódicos presbiterianos, trabalho esse iniciado em 2019 e concluído no final de 2020. Os principais periódicos digitalizados foram Imprensa Evangélica (1864-1892), O Puritano (1899-1958), Norte Evangélico (1908-1958) e Brasil Presbiteriano (1958-2020).
Em maio de 2023, após longa negociação e a assinatura de um acordo de cooperação entre a IPB e o Instituto Presbiteriano Mackenzie, o acervo do Arquivo Histórico Presbiteriano foi integralmente transferido para o Higienópolis, ficando sob a responsabilidade do Centro Histórico e Cultural Mackenzie (CHCM). Esse órgão do IPM irá organizá-lo em bases técnicas, realizando a identificação, higienização, restauração, digitalização e catalogação do imenso acervo de documentos. Parte do material está sendo disponibilizada na página eletrônica do CHCM: https://memoria. mackenzie.br/acervo/
A coleção do Arquivo Histórico Presbiteriano inclui grande volume de materiais valiosos, a começar dos periódicos da igreja ao longo de um século e meio. Além dos mencionados acima, vale destacar O Estandarte, Revista das Missões Nacionais, O Evangelista, Mocidade e Jornal Presbiteriano. Para a coleção quase completa de O Estandarte, órgão oficial da IPI, ver: https://ipib.org/index.php/o-estandarte-de-1893-a-2017/. O acervo do AHP também inclui coleções parciais de importantes periódicos missionários norte-americanos, como The Missionary e The Foreign Missionary, bem como grande número de jornais de outras denominações e de entidades paraeclesiásticas.
A coleção do AHP reúne grande quantidade de livros e opúsculos, antigos e recentes, alguns bastante raros, relacionados com a história e os personagens do presbiterianismo nacional. Um de seus conjuntos mais valiosos de materiais consiste em manuscritos de muitas espécies: antigos livros de atas de concílios, igrejas e autarquias, relatórios de pastores e órgãos da igreja, documentos oficiais dos concílios superiores, correspondências diversas e inúmeros outros itens. O acervo também abriga grande quantidade de fotografias históricas de personagens, concílios, igrejas e instituições.
É reconfortante saber que esse inestimável acervo finalmente está recebendo os cuidados de que tanto carece, para a melhor preservação, divulgação e estudo da memória histórica do presbiterianismo nacional.