Alderi Souza de Matos
Resumo
A educação é uma atividade de vital importância para o cristianismo. Sem ela a fé cristã não poderia preservar sua identidade e se expandir ao longo do tempo. Por isso, em todas as épocas os cristãos têm se dedicado a essa tarefa, embora nem sempre com o mesmo êxito e coerência. Este artigo procura destacar alguns aspectos significativos da atividade docente da igreja desde os primeiros tempos até o século 20, passando pela Idade Média, o Renascimento, a Reforma e o período moderno, e incluindo algumas observações sobre o Brasil. O autor chama a atenção para dois aspectos da educação cristã – instrução religiosa na fé cristã e educação escolar baseada em princípios cristãos. Também aponta as tensões e desafios que a atividade educativa cristã tem experimentado ao longo dos séculos, em especial no ambiente pluralista e relativista dos dias atuais.
PALAVRAS-CHAVE
Educação cristã; História da educação; Escola dominical; Educação religiosa; Educação escolar cristã; Pluralismo.
Introdução
A educação é um fenômeno profundamente humano. Desde o início da humanidade cada geração sentiu a necessidade de transmitir à próxima suas experiências, histórias e tradições, com o objetivo de preservar a identidade do grupo e o conhecimento acumulado. Tal esforço podia se dar através de recursos formais ou informais, mas sempre esteve presente. Em algumas esferas especialmente importantes, como a religião, esse processo se tornou particularmente imperativo. Ao surgir o cristianismo, essa se tornou uma das características mais salientes do novo movimento. Seu fundador era conhecido como um mestre e ordenou explicitamente aos seus seguidores que utilizassem o método educativo para comunicar a outras pessoas seus novos valores e convicções.
Um fato que desde o início representou um grande desafio para os cristãos foi a consciência de pertencerem a dois reinos – o reino de Deus e o reino deste mundo, a igreja e a sociedade. Por um lado, os seguidores de Cristo deviam viver suas vidas na coletividade, influenciá-la e testemunhar a ela. Por outro lado, deviam tomar cuidado para não serem moldados pela cultura circundante naqueles aspectos em que ele entrava em conflito com a fé cristã. Isso levantava a questão de até que ponto os cristãos deviam se servir dos recursos e oportunidades educacionais oferecidos pelo mundo não-cristão.
Com isso surgiram duas perspectivas da educação cristã que precisam ser claramente distinguidas: em primeiro lugar, a educação cristã diz respeito à formação espiritual, à transmissão da fé cristã propriamente dita, nos aspectos bíblico, doutrinário e ético. Em outro sentido, ela se refere à educação geral, que aborda temas não necessariamente religiosos (como língua, literatura, história, ciência e arte), porém informados por pressupostos e valores cristãos. Todos esses fatores têm estado presentes na história da educação cristã desde o seu nascedouro, quando os primeiros discípulos procuraram viver a fé num mundo marcado por duas grandes tradições: judaica e greco-romana.
1. A herança do judaísmo
Nunca se deve esquecer que a igreja cristã nasceu no seio de judaísmo. Jesus Cristo e os primeiros cristãos eram todos judeus e o novo movimento herdou dessa matriz um legado muito importante, a começar das Escrituras Hebraicas. O propósito principal de Israel como nação era adorar e obedecer ao Deus supremo, Iavé, o Senhor. Isso era feito através de dois instrumentos primordiais: o culto e a observância da lei. As diferentes partes do Antigo Testamento ilustram essas preocupações. A Torá ou Pentateuco mostra como Deus formou o seu povo e lhe deu a sua lei, que incluía prescrições detalhadas sobre o culto. Os livros históricos descrevem a trajetória ora ascendente ora descendente de Israel no que se refere à aliança contraída com Deus. A literatura sapiencial ilustra o que significa observar a lei divina em situações concretas da vida. Finalmente, os profetas eram os fiadores da aliança, os instrumentos enviados por Deus para alertar e exortar o povo escolhido quanto às suas responsabilidades diante de Iavé.
Todo esse processo tinha um forte componente educacional. A lealdade e a obediência a Deus exigiam constante orientação e treinamento, que começavam no lar. São muitas as passagens que mostram os deveres dos pais israelitas no tocante à formação religiosa de seus filhos (ver Dt 6.6-7, 20-22). As mais diferentes situações da vida deviam ser utilizadas como oportunidades educativas. Certas seções do Pentateuco e dos livros poéticos são exemplos disso. O ensino também era exercido pelos líderes civis e religiosos do povo, como Moisés, os juízes, os sacerdotes, os anciãos e, em particular, os levitas (Ne 8.7-8). O próprio Deus era o mestre supremo (Is 48.17; 54.13).
Após o cativeiro babilônico, a vida de Israel sofreu alterações profundas que tornaram ainda mais necessários os esforços educativos. Os judeus passaram a viver, em grande parte, em outras terras, expostos a outras influências. Já não dispunham do templo de Jerusalém, que fora um elemento tão importante da sua identidade. Com isso, foram feitas adaptações à nova realidade. Surgiu a instituição da sinagoga e novos grupos que se dedicavam ao estudo e ensino da lei – escribas, fariseus e rabis. Algumas evoluções posteriores do judaísmo rabínico foram as escolas, como as de Hillel, Shamai e Gamaliel, e as coleções de tradições orais e suas interpretações (Mishnah e Gemara, reunidas no Talmude).
2. O Novo Testamento
Os primeiros cristãos receberam o forte impacto da herança judaica no âmbito da educação. Nos evangelhos, Jesus é identificado como um rabi judeu que exerceu um ministério itinerante de pregação, ensino e socorro aos sofredores (Mt 4.23). Boa parte do material dos evangelhos é constituída de ensinamentos religiosos e éticos, nos quais Jesus se notabilizou pelo uso inteligente e criativo de uma grande variedade de recursos: ilustrações, símiles, dramatizações e as inconfundíveis parábolas. Seus seguidores mais próximos receberam a incumbência de utilizar o método educativo no cumprimento de sua missão: “Ide, fazei discípulos de todas as nações… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20).
O livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas demonstram que esse método foi amplamente utilizado pelos apóstolos (At 5.42). O ensino era considerado um dos dons espirituais, devendo ser exercido com eficiência (Rm 12.7). Entre as qualificações dos presbíteros ou bispos estava a aptidão para ensinar (1Tm 3.2; ver 2Tm 2.2,24). Como havia acontecido no judaísmo, os principais locais de instrução eram o lar e a comunidade da fé (2Tm 1.5; 3.15).
Todavia, desde o início se verificou um elemento de tensão entre diferentes visões educacionais. Um deles está presente nos evangelhos, onde se vê a conhecida polêmica entre Jesus e os mestres judeus. Escribas e fariseus são censurados por certos aspectos do seu ensino, como as tradições que invalidavam elementos importantes da lei de Deus, e também pela maneira como ensinavam – nem sempre caracterizada pela coerência. Outra tensão se vê nos escritos paulinos entre o ensino cristão e algumas ênfases da cultura greco-romana. Numa longa passagem da epístola aos Coríntios, o apóstolo traça um forte contraste entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus” (1Co 1.18–2.16). Verifica-se a mesma atitude em 2Co 10.4,5; Cl 2.8, etc.
Isso levanta a questão da atitude dos primeiros cristãos em relação à vida intelectual. Seria o cristianismo uma religião mística que desprezava o cultivo da mente, visto como perigoso para a verdadeira espiritualidade? As evidências bíblicas e históricas demonstram que não. Jesus ensinou seus seguidores a amarem a Deus com o intelecto (Mt 22.37; Mc 12.30). Lucas, Paulo e outros dos primeiros líderes cristãos eram homens cultos, intelectualmente preparados (ver Lc 1.1-4; At 17.18-31; 22.3; 2Tm 4.13). O que estava em jogo era qual dos tipos de sabedoria deveria ter prioridade. Se a sabedoria pagã, com sua soberba intelectual, com sua cosmovisão ora politeísta, ora materialista, ou a sabedoria do evangelho, a mente de Cristo (1Co 2.16).[i]
3. O legado greco-romano
No que diz respeito à educação, além da influência judaica o cristianismo surgiu num contexto moldado por uma grandiosa tradição intelectual – a cultura grega abraçada, difundida e modificada pelos conquistadores romanos. Daniel Stevens observa que “a educação na civilização ocidental é em grande parte produto da filosofia grega e de seu correspondente sistema educacional”.[ii] Com sua ênfase no cultivo do intelecto e na busca da sabedoria, os gregos só poderiam valorizar altamente a educação, começando em Atenas no século 5º AC e se difundindo por todo o mundo helênico.
A cultura grega era rica em filosofia, literatura e arte. O pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles moldou a tal ponto o raciocínio crítico que, segundo muitos historiadores, o período ateniense lançou os fundamentos da Renascença e da moderna era científica. Todavia, a educação ateniense tinha algumas limitações: era excessivamente teórica e especulativa, dando prioridade à contemplação sobre a vida ativa, e era também elitista, aristocrática.
Ao conquistarem a Grécia em 146 AC, os romanos abraçaram a civilização helênica. Eles recrutaram educadores gregos para desenvolver o sistema educacional romano. Todavia, também deixaram suas marcas nessa educação. Com eles, a educação se tornou mais prática; além disso, estabeleceram uma vasta rede de escolas primárias e secundárias, bem como instituições de ensino superior, tornando a educação acessível a um maior número de pessoas. O objetivo maior era formar cidadãos com forte caráter e lealdade ao Estado. Os princípios educacionais de Quintiliano exemplificam a influência romana na educação.[iii] Robert Pazmiño chama a atenção para o conceito grego de paideia, o consenso de uma cultura sobre o que constitui a excelência humana.[iv] Isso aponta para a importância de uma paideia cristã voltada para a nutrição, a disciplina, a formação do caráter e o ensino de uma cosmovisão centrada em Cristo (Cl 1.28; 2Tm 3.16s).
Os cristãos interagiram com a educação greco-romana, sentindo sua influência, mas ao mesmo tempo dando as suas próprias contribuições. Para começar, eles precisaram se posicionar quanto à filosofia grega. Curiosamente, boa parte dos antigos pensadores cristãos teve uma atitude positiva quanto à reflexão filosófica. Alguns exemplos destacados são Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Orígenes. Outros, notadamente Irineu de Lião e Tertuliano de Cartago, tinham sérias reservas quanto à sabedoria filosófica grega. O segundo fez a famosa pergunta: “Que há de comum entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a Igreja, entre os hereges e os cristãos?”[v] Para esse pai da igreja, embora dotado ele mesmo de sólida cultura secular, tudo de que os cristãos necessitavam era a Escritura. De qualquer modo, muitos líderes cristãos da antiguidade receberam uma educação clássica (filosofia, lógica, retórica) nas escolas greco-romanas, como a célebre Academia de Atenas, onde estudaram os futuros bispos e teólogos Basílio de Cesaréia e Gregório de Nazianzo.
4. A igreja antiga
Desde o início os cristãos valorizaram a educação como meio de preservar e transmitir com fidelidade a herança cristã. Como ocorria entre os judeus, os principais recursos para esse fim eram os lares e as comunidades de fé. Com o passar do tempo, surgiram novas formas educacionais, a começar da catequese para os aspirantes ao batismo. Inicialmente esse termo se referia à instrução mediante repetição oral, revelando a influência do método socrático de perguntas e respostas. Em vários lugares surgiram classes para catecúmenos, cuja instrução podia se estender até por três anos. Era um período de treinamento e de teste antes da aceitação plena na igreja. Os candidatos deviam passar por três estágios: “ouvintes” (interessados), “ajoelhados” (aqueles que permaneciam para as orações depois que os ouvintes se retiravam) e “escolhidos” (candidatos efetivos ao batismo). Após o batismo, havia instrução adicional sobre os sacramentos e outros tópicos.[vi]
No final do 2º século, algumas escolas de catecúmenos começaram a expandir os seus currículos. Sob a influência da cultura predominante, surgiram estruturas educacionais mais complexas para pessoas de maior nível intelectual que queriam integrar o cristianismo com a tradição filosófica grega. No ano 179, a primeira escola catequética foi aberta por Panteno para a grande comunidade cristã de Alexandria, no Egito. Os grandes luminares dessa escola na primeira metade do 3º século foram os já referidos Clemente de Alexandria e Orígenes. Com o tempo, surgiram outras escolas congêneres em Cesaréia, Antioquia, Edessa, Nisibis, Jerusalém e Cartago. Diferentes metodologias educacionais gregas e romanas foram utilizadas à medida que a ênfase passou do cultivo de uma vida cristã fiel para a reflexão erudita. Um alvo importante era equipar os cristãos para compartilharem o evangelho com pagãos cultos.[vii]
O currículo incluía a interpretação das Escrituras, a regra de fé (síntese das principais convicções cristãs em forma de credo) e “o caminho”, ou seja, um conjunto de instruções morais, como se pode ver na Didaquê. No 4º século as escolas catequéticas passaram a ser substituídas pelas escolas monásticas e episcopais ou das catedrais. A questão educacional preocupou algumas das mentes mais inquiridoras e criativas da época, como Gregório de Nissa, João Crisóstomo e especialmente Agostinho de Hipona, que escreveu algumas obras valiosas sobre o tema, tais como De catechizandis rudibus (A instrução dos principiantes), De doctrina christiana (O ensino cristão) e De magistro (O mestre).[viii]
5. O período medieval
A partir do 4º século, com o crescente predomínio do cristianismo, o papel da educação cristã se modificou. A igreja deixou de exigir um treinamento intensivo para aqueles que ingressavam nas suas fileiras. Com a queda do Império Romano, ela se tornou a força dominante na cultura ocidental e passou a assumir quase todas as atividades educacionais. O culto (missa), as festas e os dramas religiosos, com seu rico simbolismo, se tornaram os principais veículos de educação cristã para uma população majoritariamente analfabeta. Com a crescente valorização da vida celibatária, houve um declínio da importância relativa da família na formação religiosa.
Entre os anos 500 e 1000, a educação formal foi oferecida principalmente nas escolas monásticas, os principais centros de atividade intelectual, reservados em especial para os jovens que ingressavam nas ordens. A educação em geral e a educação cristã experimentaram um declínio acentuado nos séculos 6º ao 8º. O imperador Carlos Magno buscou revigorar a educação durante o seu longo reinado, com o auxílio do intelectual inglês Alcuíno de York. Entre outras medidas, foi executado um plano no sentido de estabelecer uma escola em cada cidade.[ix]
À medida que as cidades cresceram, surgiram as escolas episcopais ou das catedrais, cujos currículos incluíam, além da teologia, as artes liberais e as humanidades. Aprendia-se leitura, redação, música, cálculos simples, observâncias religiosas e regras de conduta. Havia também escolas paroquiais, descendentes das antigas escolas para catecúmenos, cujo currículo incluía os Dez Mandamentos, os Sete Pecados Mortais, as Sete Virtudes Cardeais, o Credo Apostólico e a Oração do Senhor.
A partir das escolas das catedrais, surgiram no século 12 as primeiras universidades, como as de Paris, Oxford e Bolonha. O termo universitas passou a designar uma guilda ou corporação de estudantes ou professores estabelecida com propósitos de proteção comum durante o trabalho do grupo. Seu enfoque não mais era a piedade pessoal, e sim interesses intelectuais e profissionais. Todos os estudantes faziam o curso de artes liberais: o trivium (gramática, retórica, dialética) para o grau de bacharel e o quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia) para o grau de mestre. Podiam ser feitos estudos avançados em teologia, medicina e direito (civil e canônico).
Foi nas escolas das catedrais e nas primeiras universidades, nos séculos finais da Idade Média, que surgiu o escolasticismo, uma tentativa de síntese entre a teologia e a filosofia para dar maior sustentação à fé por meio da razão. Resultou da introdução do pensamento de Aristóteles, principalmente da sua lógica, no movimento educacional do Ocidente. Seus principais representantes foram Anselmo de Cantuária (c.1033-1109) e Tomás de Aquino (1225-1274).
6. Renascimento e Reforma
O Renascimento ou a Renascença foi um vigoroso movimento intelectual dos séculos 14 a 16 que começou na Itália e se difundiu nos países do norte da Europa. Sua principal característica foi a redescoberta das grandes contribuições da antiguidade clássica na literatura e na arte, o retorno às fontes gregas e romanas da cultura europeia (humanismo). Num certo sentido, a Renascença teve uma tendência secularizante e isso teve repercussões para a educação cristã. Algumas das preocupações da época eram a busca de uma vida feliz neste mundo, um enfoque no mundo criado mais que no Criador e a ênfase no desenvolvimento individual. Stevens observa: “A criação de escolas públicas e particulares libertadas do controle da igreja preparou o palco para uma educação livre da influência do evangelho”.[x] O mesmo autor chama a atenção para dois humanistas, Vitorino de Feltre (1378-1446) e Erasmo de Roterdã (1467-1536), os quais, apesar de sua formação cristã, deixaram de dar uma orientação nitidamente cristã aos seus brilhantes conceitos educacionais.
Todavia, algumas ações dos homens do Renascimento foram benéficas para a educação cristã, em especial o trabalho dos “humanistas bíblicos”. Seu estudo da Bíblia nas línguas originais, publicação de edições críticas do texto bíblico (como o Novo Testamento grego-latino de Erasmo, em 1516) e tradução das Escrituras para o vernáculo despertaram o interesse por um cristianismo mais puro e contribuíram para a Reforma Protestante. A invenção da imprensa e a redescoberta da Bíblia tiveram imensas consequências para a educação cristã.
A Reforma, com seu princípio de sola Scriptura e a ênfase paralela no direito do livre exame das Escrituras, produziu um renovado interesse pela educação. A Bíblia era um livro que devia ser lido, estudado e corretamente interpretado, o que exigia que as pessoas soubessem ler e tivessem um bom preparo intelectual. Lutero insistiu na educação do homem comum e incentivou os pais a cumprirem o dever de proporcionar educação aos seus filhos.[xi] Ele também resgatou a prioridade do lar no processo educacional. Calvino foi ainda mais enfático nessas questões. Em sua obra magna, as Institutas, ele caracterizou a igreja como “mãe e mestra” dos fiéis, aquela que os leva ao conhecimento de Cristo e depois os nutre e orienta durante toda a sua vida cristã. Nas Ordenanças eclesiásticas (1542), ele insistiu que a igreja devia ter uma classe de oficiais voltados exclusivamente para o ensino, os mestres ou doutores. Em 1559, Calvino fundou a Academia de Genebra, embrião da atual universidade com esse nome.
Os dois grandes reformadores escreveram catecismos que se tornaram um dos mais valiosos recursos para a educação cristã ao longo dos séculos. Outro importante meio de instrução religiosa era o culto e seu ponto central, a pregação. A ênfase no “sacerdócio de todos os crentes” e o entendimento de que as verdades cristãs devem permear todas as áreas da existência tiveram um impacto salutar na educação cristã e geral. Não só as igrejas tinham um sólido programa educacional, mas surgiu um sistema de escolas mantidas pelo Estado visando tornar a educação disponível a todos. Pazmiño apresenta uma interessante série de contrastes entre o Renascimento e a Reforma, decorrentes de seus diferentes compromissos e cosmovisões.[xii]
7. O período da pós-Reforma
Os séculos 17 e 18 testemunharam importantes desdobramentos, tanto positivos quanto negativos, para a atividade educacional cristã. As ênfases centrais dos reformadores produziram frutos valiosos e contribuíram para a expansão e aperfeiçoamento do sistema educacional das nações protestantes. Tornou-se norma em muitas regiões a chamada “educação universal”, ou seja, para todas as crianças, independentemente de sua posição social, pondo-se um fim ao elitismo na educação.
Um personagem notável desse período foi o pastor e educador João Amós Comenius (1592-1670), que se tornou bispo dos irmãos morávios. Natural da Checoslováquia, ele passou boa parte da vida em outros países, como refugiado da perseguição religiosa. Criou e dirigiu escolas na Polônia, Suécia e Hungria, escreveu sobre práticas educacionais saudáveis e preparou materiais curriculares. Lawson observa: “Ele procurou usar a educação para moldar e nutrir a alma humana e ajudá-la a encontrar soluções para os males do mundo”.[xiii] Comenius, cuja obra mais conhecida é a célebre Didática magna (1657), é considerado o pai da educação moderna.[xiv]
Dois movimentos deste período deram grandes contribuições para a educação cristã. Um deles foi o puritanismo, isto é, o calvinismo inglês, depois transplantado para a América do Norte, onde produziu seus melhores frutos. Os puritanos tinham uma visão integrada da vida e da sociedade e nessa visão a educação desempenhava um papel preponderante. A família era considerada uma pequena igreja, onde o pai, o líder espiritual, devia promover a instrução religiosa da esposa e dos filhos e dirigir suas atividades devocionais. Na igreja, o principal meio de educação cristã era o culto e, mais especificamente, o púlpito. Os pregadores puritanos eram homens instruídos e seus sermões eram cuidadosamente preparados para incluir exposição bíblica, ensino doutrinário e aplicação prática para o viver diário.[xv] O exemplo mais eloquente do pastor puritano culto e piedoso é o reverendo Jonathan Edwards (1703-1758). A fim de preparar homens para o ministério, o governo civil e a vida profissional, os puritanos criaram muitos colégios, a começar de Harvard (1636) e Yale (1701), hoje famosas universidades.[xvi]
Outro movimento salutar para a educação cristã foi o pietismo alemão, liderado por Phillip Jacob Spener (1635-1705), August Herman Francke (1663-1737) e o conde Nikolaus Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760). Por causa de sua ênfase na piedade, ou seja, numa vida espiritual fervorosa, os pietistas valorizaram grandemente a instrução cristã. Eles deram ênfase ao estudo da Bíblia em pequenos grupos, incentivaram a instrução catequética e abriram escolas para órfãos e crianças pobres. Fundaram uma importante instituição de ensino superior, a Universidade de Halle.
Por outro lado, os séculos 17 e 18 viram o surgimento do Iluminismo, que entronizou a razão e a experiência como critérios últimos do conhecimento e da verdade, rejeitando a fé, a revelação e a herança cristã. Esse poderoso movimento e a mentalidade associada a ele, gerou uma crescente secularização da educação, inclusive em escolas de origem cristã. Essa foi uma era de grandes progressos nas teorias e métodos educacionais. Dois nomes importantes foram John Locke (1632-1704) e, em especial, Jean Jacques Rousseau (1712-1778), nascido em uma família calvinista francesa que havia fugido para a Suíça. Sua grande novela educacional Émile, que descreve a educação ideal desde a infância até o início da vida adulta, exerceu grande influência na filosofia e psicologia educacionais do século 20.[xvii]
8. O mundo saxônico
Nos últimos séculos, os países que deram as maiores contribuições à educação cristã protestante foram a Inglaterra e os Estados Unidos. Quanto a este último, já foi mencionada a atuação dos puritanos nos séculos 17 e 18. Na Nova Inglaterra, além do papel atribuído ao lar e à igreja, cada comunidade providenciava um edifício escolar e contratava um professor. Cada família devia enviar os filhos à escola e ajudar a pagar o salário do professor. Já em 1642, o governo de Massachusetts aprovou uma lei exigindo que todos os pais provessem educação para os filhos, sob pena de serem multados.[xviii] Em consequência disso, no início do século 18 a Nova Inglaterra era uma das regiões mais alfabetizadas do mundo. Em outras colônias existiam escolas paroquiais.
A independência dos Estados Unidos em 1776 e o princípio da separação entre a igreja e o estado tiveram importantes consequências para a educação cristã. Os estados começaram a criar um sistema de escolas públicas e os impostos não mais podiam ser usados para o sustento de escolas particulares e paroquiais.[xix] Os pais e as igrejas tiveram de buscar outros meios de ensinar a fé e a prática cristã às crianças. Foi nesse contexto que surgiu um dos desdobramentos mais valiosos para a educação cristã em todos os tempos – a escola dominical.
Esse movimento teve sua origem na Inglaterra, no final do século 18, graças à iniciativa de vários evangélicos, o mais conhecido dos quais foi o jornalista e ativista social Robert Raikes (1736-1811), da cidade de Gloucester. O objetivo inicial foi alfabetizar e evangelizar crianças pobres que trabalhavam nas fábricas e cujo único dia de folga era o domingo. A escola funcionava das 10 às 17 horas e incluía, além de aulas de redação e aritmética, leitura da Bíblia, catecismo e participação em cultos.[xx] Após uma desconfiança inicial dos líderes eclesiásticos, o movimento alcançou enorme popularidade e em 1784 já reunia 240 mil alunos. No ano seguinte a escola dominical chegou aos Estados Unidos, passando mais tarde a ter uma nova orientação como agência de educação cristã para crianças e adultos. Essa nova instituição preencheu o vazio deixado pela secularização da educação. Stevens argumenta: “Por mais de 100 anos a Escola Dominical foi a agência dominante e, à exceção do lar, quase que a única agência de educação cristã de crianças e jovens protestantes”.[xxi]
A origem da escola dominical aponta para outro fenômeno marcante no cenário religioso inglês e norte-americano nos séculos 18 e 19 – os avivamentos. Robert Raikes e seus colegas eram fruto do avivamento evangélico da Inglaterra, liderado por indivíduos como Charles Wesley, George Whitefield, John Newton e outros. Nos Estados Unidos, ocorreu simultaneamente o Primeiro Grande Despertamento, no qual se destacaram George Whitefield e Jonathan Edwards. Os avivamentos levaram para as igrejas grandes contingentes de pessoas que precisavam ser guiadas e alimentadas na fé. Também despertaram muitos cristãos para servir aos outros em muitas áreas, inclusive no evangelismo e discipulado. A necessidade de dar treinamento a essas pessoas levou à criação de grandes colégios denominacionais como Princeton (presbiteriano), Brown (batista) e Dartmouth (congregacional).[xxii] O mesmo padrão se repetiu no Segundo Grande Despertamento, no início do século 19.
9. Os séculos 19 e 20
Por razões teológicas, muitos líderes discordaram das ênfases dos avivamentos. Eles achavam que os pais negligenciavam a formação religiosa de seus filhos na esperança de que um dia fossem convertidos subitamente pela atuação do Espírito Santo em um avivamento. Entre esses críticos estava o pastor Horace Bushnell (1802-1876), que, no seu famoso livro Christian Nurture (1847), em lugar da crise espiritual repentina do avivalismo, defendeu a experiência religiosa gradual centrada no ambiente doméstico. Por essa razão ele é considerado o pai da moderna educação religiosa.[xxiii]
No âmbito secular, o século 19 foi palco de uma crescente abordagem científica, principalmente psicológica, do processo educativo. Um nome de destaque foi o suíço Johann Pestalozzi (1746-1827), influenciado por Rousseau, que tinha grande confiança no poder da educação para vencer todos os males sociais. Outros educadores de renome foram, na Europa, Johann Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852), e nos Estados Unidos, Horace Mann (1796-1858) e John Dewey (1859-1952). Todos eles defenderam abordagens pedagógicas muito distanciadas da fé cristã.[xxiv]
Stevens observa que desde o início do século 20 existem três movimentos que interessam à educação cristã: a educação secular, a educação religiosa e a educação cristã evangélica. A educação secular, dominada pela psicologia do aprendizado e do desenvolvimento humano, tem realizado pesquisas e estudos que, ao menos em parte, podem ser úteis para os educadores cristãos. Entre os teóricos dessa corrente estão Erik Erickson (desenvolvimento psicossocial) e Jean Piaget (desenvolvimento cognitivo).[xxv] A chamada “educação religiosa” está ligada à Associação de Educação Religiosa, fundada em Chicago em 1903, sob a liderança de George Albert Coe e outros educadores. Inspirada pela teologia liberal, seu objetivo ficou expresso no título de uma palestra de Coe: “Salvação pela educação”.[xxvi] Quanto à educação cristã evangélica, sua principal agência ainda é a escola dominical, mas muitos novos instrumentos surgiram desde o século 19: entidades paraeclesiásticas (Associação Cristã de Moços, Esforço Cristão), escolas bíblicas de férias, acampamentos, reuniões para jovens e adultos, institutos bíblicos.
Nas últimas décadas do século 20 ocorreu um desgaste dos recursos tradicionais de educação cristã, como a escola dominical, e o surgimento de novas tendências e experimentos, como pequenos grupos, ministérios para homens e encontros para enriquecimento matrimonial. Como alternativa ao sistema de educação pública, inteiramente secularizado e por vezes anticristão, tem se dado grande ênfase a escolas e universidades cristãs, e à formação escolar no contexto doméstico. Nos Estados Unidos e outros países, a educação cristã se tornou uma profissão com muitas áreas de especialidade: para crianças, jovens, famílias, casais etc. Outros elementos novos são a tecnologia da informática, a Internet e o crescimento da música cristã. Dentre os educadores evangélicos recentes destacam-se Frank Gabelein, Lawrence O. Richards, Lois LeBar, Gene E. Getz, Larry Richards, Kenneth Gangel, Warren Benson e Robert Pazmiño.
Após a II Guerra Mundial, os evangélicos americanos despertaram para a devastadora influência do secularismo nas escolas públicas dos Estados Unidos. Esse fato, associado às decisões da Suprema Corte em 1962-1963 proibindo certas atividades religiosas no contexto escolar, causou uma grande multiplicação de escolas cristãs em todo o país. Por sua vez, o crescente envolvimento dos evangélicos com a educação escolar cristã levou ao surgimento de muitas associações nessa área, das quais a mais importante atualmente é a Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI), criada em 1978. No âmbito reformado, existe a organização Escolas Cristãs Internacionais (CSI), fundada no mesmo ano.[xxvii]
10. O Brasil
Em decorrência da Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana fez um grande esforço no sentido de reafirmar e definir com maior precisão sua identidade institucional e dogmática. A partir do século 16, surgiu um catolicismo conhecido como ultramontano (forte defensor da autoridade papal), tridentino (apegado à ortodoxia do Concílio de Trento) e antiprotestante. A educação foi uma ferramenta valiosa na defesa dos interesses da igreja, tendo sido amplamente utilizada pela organização católica mais influente nesse processo – a Sociedade de Jesus. Em muitos lugares da Europa, os jesuítas – através de sua ação política e de suas escolas – detiveram a expansão protestante e reconquistaram para a igreja regiões que haviam sido alcançadas pelo novo movimento.
A partir de 1549, foram justamente os jesuítas os principais missionários e educadores do Brasil colonial. Em diversas partes do território brasileiro eles estabeleceram os seus colégios, tanto para as crianças indígenas como para os filhos dos colonos portugueses. Mais tarde, outras ordens católicas vieram para o Brasil e se dedicaram à educação, criando um vasto número de escolas em todo o país. A educação católica não foi colocada prioritariamente a serviço do evangelho, mas da instituição eclesiástica e seus interesses.[xxviii] Após a Proclamação da República, num período de grande revitalização do catolicismo no Brasil, a igreja deu ênfase renovada à educação dos seus fiéis. Ela também reivindicou o controle do ensino religioso nas escolas públicas, por entender que era um poderoso recurso para exercer sua influência na sociedade. Apesar dos protestos de diversos grupos, a Constituição de 1934 atendeu a essa reivindicação.
Desde o início do seu trabalho no Brasil, o protestantismo missionário deu enorme destaque à educação cristã. Em todos os lugares em que se estabeleciam, as igrejas evangélicas criavam suas escolas dominicais e paroquiais. A primeira escola dominical do Brasil foi fundada pelo casal Robert e Sarah Kalley em Petrópolis no dia 19 de agosto de 1855. Os presbiterianos criaram a primeira escola paroquial no Rio de Janeiro em 1868. A educação em bases cristãs também era oferecida nos grandes colégios que começaram a surgir em vários pontos do território brasileiro: Escola Americana/Mackenzie College (São Paulo), Colégio Internacional (Campinas), Colégio Piracicabano, Colégio Granbery e muitos outros.[xxix]
No início do século 20 foi criada a União das Escolas Dominicais do Brasil, uma filial da Associação Mundial das Escolas Dominicais. Estava sediada no Rio de Janeiro e seu secretário executivo era o Rev. Herbert S. Harris. A partir de 1921, essa organização colaborou na publicação das Lições Internacionais da Escola Dominical, seguindo o programa adotado pela Comissão Internacional para Lições da Escola Dominical, sediada em Chicago. Em julho de 1932, reuniu-se na antiga capital federal a 11ª Convenção Mundial de Escolas Dominicais, com mais de 1.300 delegados de 33 países. Foi o maior encontro do protestantismo mundial a realizar-se até então na América do Sul e talvez no hemisfério sul.
Um personagem de enorme importância para a educação cristã protestante no Brasil foi o pastor e líder da cooperação evangélica Erasmo de Carvalho Braga (1877-1932). Erasmo foi professor no Mackenzie College, no Seminário Presbiteriano e no Colégio Culto à Ciência, em Campinas. Preparou as célebres cartilhas da Série Braga, utilizadas por décadas em todo o Brasil, foi membro da Associação Brasileira de Educação e escreveu amplamente sobre temas educacionais. Foi um grande entusiasta das escolas paroquiais evangélicas e se preocupou com a crescente secularização dos grandes colégios protestantes. De 1922 a 1929, preparou e publicou através da União das Escolas Dominicais do Brasil e da Comissão Brasileira de Cooperação, da qual era secretário executivo, oito volumes do Livro do professor – lições bíblicas para as escolas dominicais, com riquíssimo material bíblico e pedagógico para a educação cristã.[xxx]
Conclusão
São grandes as oportunidades, mas também as tensões e desafios enfrentados pela educação cristã nos tempos atuais. Muitas igrejas evangélicas têm abandonado sua herança nesta área. Por causa do interesse pragmático que privilegia o crescimento numérico em detrimento da qualidade de vida cristã, a educação é considerada dispensável em muitas comunidades. Se é verdade que certos modelos tradicionais, como a escola dominical, talvez necessitem de profundas reformulações, as novas alternativas que estão sendo propostas precisam preservar as contribuições válidas do passado. Outra área controvertida é a educação escolar cristã no mundo pluralista contemporâneo. Uma coisa é promover um ensino cristão em instituições denominacionais modestas cujos alunos são em grande parte evangélicos. É mais complicado quando se trata de uma instituição de grande porte com um alunado caracterizado por grande diversidade cultural e religiosa. É o caso do debate ocorrido há alguns anos sobre o ensino do criacionismo na educação básica dos Colégios Presbiterianos Mackenzie.[xxxi]
[i] Em seu livro, The scandal of the Evangelical mind (Grand Rapids: Eerdmans, 1994), Mark Noll argumenta sobre a importância da vida intelectual para a contínua vitalidade do cristianismo. Ele afirma: “Onde a fé cristã está firmemente enraizada, onde ela penetra profundamente em uma cultura para transformar vidas individuais e redirecionar as instituições, onde ela continua por mais de uma geração como um testemunho vivo da graça de Deus – nessas situações, quase invariavelmente encontramos cristãos cultivando ardentemente o intelecto para a glória de Deus” (p. 43). Minha tradução.
[ii] STEVENS, Daniel C. The history of Christian education. In: ANTHONY, Michael J. (Org.). Foundations of ministry: an introduction to Christian education for a new generation. Grand Rapids: Baker, 1992, p. 40.
[iii] Ibid., p. 41. Ver também KIENEL, Paul A. A history of Christian school education. Vol. 2. Colorado Springs: Purposeful Design, 2005, p. 23-24.
[iv] PAZMIÑO, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 137.
[v] TERTULIANO, Prescrição contra os hereges, VII.
[vi] PAZMIÑO, Temas fundamentais, p. 141.
[vii] LAWSON, Kevin E. Historical foundations of Christian Education. In: ANTHONY, Michael J. Introducing Christian education: foundations for the twenty-first century. Grand Rapids: Baker, 2001, p. 19.
[viii] Ver SANDIN, Robert T. “One of the best teachers of the church”: Augustine on teachers and teaching. Christian History 6/3 (1987), p. 26-29; NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na antiguidade cristã: o pensamento educacional dos mestres e escritores cristãos no fim do mundo antigo. São Paulo: Edusp, 1978.
[ix] Para um decreto de Carlos Magno sobre educação, ver BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. 3ª ed. São Paulo: Aste/Simpósio, 1998, p. 168.
[x] STEVENS, The history of Christian education, p. 46.
[xi] Os dois principais escritos de Lutero sobre educação são os seguintes: “Às autoridades de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs” e “Um sermão sobre manter as crianças na escola”.
[xii] Pazmiño, Temas fundamentais, p. 150-151.
[xiii] LAWSON, Historical foundations, p. 22.
[xiv] Ver LOPES, Edson Pereira. O conceito da teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2003; A inter-relação da teologia com a pedagogia no pensamento de Comenius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006.
[xv] Ver GUELZO, Allen C. When the sermon reigned. Christian History13/1 (1994), p. 23-25.
[xvi] Sobre a atitude dos puritanos em relação à vida intelectual, ver NOLL, The scandal of the Evangelical mind, p. 40-43.
[xvii] STEVENS, The History of Christian Education, p. 48.
[xviii] Wider, Wayne A. Reviewing historical foundations. In: CLARK, Robert E. et al. (Orgs.). Christian education: foundations for the future. Chicago: Moody, 1991, p. 52.
[xix] Ibid., 53. Sobre a história inicial das escolas cristãs nos Estados Unidos, ver KIENEL, A history of Christian school education. Vol. 2.
[xx] Lawson, Historical foundations, p. 23.
[xxi] STEVENS, The history of Christian education, p. 49. Sobre o ensino da Bíblia na história da igreja, ver MARRA, Cláudio. A igreja discipuladora: orientações da Bíblia e da história para o cumprimento de nossa missão. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 19-25.
[xxii] Lawson, Historical foundations, p. 23.
[xxiii] Bushnell afirma: “A criança deve crescer como cristã e nunca pensar sobre si mesma de outra maneira”. Apud Lawson, Historical foundations, p. 23. Minha tradução.
[xxiv] Sobre esses e outros personagens, ver TOWNS, Elmer L. (Org.). A history of religious educators. Grand Rapids: Baker, 1975. Outra valiosa obra de referência em inglês é: ANTHONY, Michael J. (Org.). Evangelical dictionary of Christian education. Grand Rapids: Baker, 2001.
[xxv] Apesar de suas posições secularistas, o educador brasileiro Rubem Alves apresenta valiosas reflexões e propostas para a educação, seja ela não-confessional ou cristã.
[xxvi] STEVENS, The history of Christian education, p. 50.
[xxvii] Ver KIENEL, History of Christian school education, p. 308-311.
[xxviii] O relatório apresentado pela delegação brasileira no Congresso da Obra Cristã na América do Sul (Montevidéu, 1925) afirmou: “O desejo da Igreja Católica Romana de exercer controle em questões educacionais parece menos motivado pelo intento de transmitir conhecimento geral ou familiaridade com os fatos e doutrinas da religião do que pela determinação de tornar a instrução subserviente aos fins da igreja”. SPEER, Robert E. et al (Orgs.). Christian work in South America: official report of the Congress on Christian Work in South America. New York: Fleming H. Revell, 1925, p. 247. Minha tradução.
[xxix] Sobre o Mackenzie College, ver MATOS, Alderi S. O Colégio Protestante de São Paulo: um estudo de caso sobre o lugar da educação na estratégia missionária da igreja. Fides Reformata 4/2 (1999), p. 59-86. Quanto aos colégios batistas, ver MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: Juerp, 1994.
[xxx] Ver MATOS, Alderi Souza de. Erasmo Braga, o protestantismo e a sociedade brasileira: perspectivas sobre a missão da igreja. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 243-260. Sobre o ensino da Bíblia no Brasil, ver MARRA, A igreja discipuladora, p. 25-40.
[xxxi] Folha de São Paulo: Marcelo Leite, Criacionismo no Mackenzie, 30/11/2008, Caderno Mais!, p. 9; Charbel Niño El-Hani, Educação e discurso científico; Christiano P. da Silva Neto, A teoria da evolução e os contos de fadas, 06/12/2008, p. A3; Escolas adotam criacionismo em aulas de ciências, 08/12/2008, p. A16; MEC diz que criacionismo não é tema para aula de ciências, 13/12/2008, p. C4; ver também cartas em Painel do Leitor, 02-10/12/2008. Ver ainda André Petry, Lembra-te de Darwin, revista Veja, edição n. 2098 (04/02/2009).