Essa breve, mas influente manifestação foi proferida por Aurora de Campos Kerr, esposa do Rev. Guilherme Kerr, perante o concílio maior da igreja e contribuiu para a organização do trabalho feminino da IPB em âmbito nacional.
Ilustríssimo Senhor Moderador e mais deputados da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil: Tenho a subida honra de saudar-vos e por vosso intermédio a querida Igreja Presbiteriana do Brasil, aqui representada nas pessoas de todos os seus ilustres deputados.
Falo em nome da Sociedade de Senhoras da Igreja Presbiteriana de Campinas, de que sou humilde sócia e presidente. Pela minha palavra rude, falam as senhoras presbiterianas de Campinas e falam com o coração repleto de alegria, porque é grande privilégio no serviço do Senhor, esse de hospedar tão augusta assembleia.
Falam com o coração transbordante de entusiasmo porque a contemplação de tantos arautos do Evangelho Santo, de tantos homens consagrados, alguns já crestados pelo sol de muitos combates, outros jovens que se sacrificam em paragens longínquas pelo engrandecimento do Reino de Deus em nossa querida Pátria, outros ainda, leigos dedicados que dão o seu testemunho fiel no seu posto e participam conosco das mesmas ideias religiosas, todos desinteressados, não pode deixar de fazer vibrar de entusiasmo o coração das senhoras crentes de Campinas.
Falam ainda com o coração cheio de esperança porque vêem na vossa cultura, na vossa fé e na vossa fidelidade a nosso Senhor Jesus Cristo, elementos capazes de grandes realizações em prol da Causa Santa do Evangelho uma vez que a bênção de Deus se derrame sobre os vossos esforços.
Há, porém uma esperança particular em nosso coração e é que mereça o vosso esclarecido estudo, bastante simpatia e boa vontade, proposta que ouvimos dizer foi apresentada por um deputado do Presbitério Sul de Minas – o Rev. Jorge Goulart, em favor do ramo de trabalho que eu aqui represento nesta hora, o trabalho das Sociedades de Senhoras.
Não será preciso encarecer para o vosso espírito ilustrado o valor da mulher nos serviços da Igreja. Vós o conheceis muito bem. Ela é a companheira de cujo apoio muito depende o êxito dos vossos serviços. E muito pode ela fazer quando bem orientada e arregimentada para o aproveitamento inteligente de seus dons excepcionais.
É força confessar que esse ramo de trabalho da igreja tem sido pouco compreendido na igreja em geral, com exceção de algumas regiões. Entretanto as Sociedades de Senhoras representam uma força latente de possibilidades incalculáveis e que ainda está aguardando direção e orientação para que a sua eficiência se faça sentir em auxílio dos grandes problemas educativos e financeiros que pesam sobre os vossos ombros, tantas vezes derreados sob a angústia de mil dificuldades.
Auxiliai a mulher presbiteriana a se arregimentar em sociedades eficientes por todo o Brasil e tereis a recompensa desse auxílio, que se reverterá para vós mesmos e para o Reino de que sois ilustres embaixadores.
Digníssimos senhores deputados, aceitai nossa gratidão pela vossa visita e pela honra que nos concedestes de vos hospedarmos. Levai no vosso coração a certeza de que nos fizestes bem com a vossa presença e com as vossas mensagens. Levai aos vossos lares corações alegres. Contai às vossas igrejas e filhos que aqui em Campinas as irmãs em Cristo, a família presbiteriana simpatiza com as lutas e dificuldades que sem dúvida entravam e ensombram às vezes, momentaneamente, a vossa felicidade ou arrefecem o vosso ânimo no ardor das refregas. Mas, dizei-lhes que “as mesmas aflições se cumprem nas vossas irmãs”. Corajosos marchai.
Empunhemos ousados o pendão do Evangelho, desfraldemos a bandeira de Cristo. E não descansemos antes de vermos raiar o dia da vitória.
(Fonte: O Puritano, 17 de março de 1928, p. 3. Transcrito pelo Rev. Eliezer Bernardes da Silva em 8 de junho de 2010.)