IPB: História e Identidade
Curadoria dos Museus da IPB

Documentos da história da IPB 3 – Ruma à organização da igreja

Abril de 1860 – início da Escola Dominical

Um momento significativo do trabalho de Simonton ocorreu em abril de 1860, quando ele iniciou uma escola dominical para crianças. Ele anotou em seu Diário: “No último domingo, dia 22, realizei uma escola dominical em minha própria casa. Foi meu primeiro trabalho em português… A Bíblia, o catecismo de história sagrada e O Progresso do Peregrino, de [John] Bunyan, foram nossos textos”. A seguir ele relata os planos da vinda do irmão James para abrir uma escola no Rio, a constante ameaça da febre amarela e a chegada da irmã Elizabeth e do Rev. Alexander Blackford (24-07-60), após uma angustiosa espera de três meses. Simonton se preparava para anunciar ao público um “depósito de Bíblias” tão logo obtivesse a devida licença (22-10-60).

Dezembro de 1860 – visita à Província de São Paulo

Entre dezembro de 1860 a março de 1861, o pioneiro fez longa viagem pela Província de São Paulo, visitando a capital, Sorocaba, Itapetininga, Itu e Campinas. Pregou a ingleses, manteve contato com fazendeiros e sacerdotes liberais, e distribuiu Bíblias com o auxílio de colportores. Decepcionou-se com o cristianismo nominal dos imigrantes protestantes. Ficou empolgado com a possibilidade de iniciar um trabalho na capital paulista: “Desde que cheguei entusiasmou-me a ideia de encontrar campo para pregar o evangelho nesta cidade. Se o governo não interferir, e espero que haja influências suficientes para que isso não aconteça, parece-me importante iniciar o serviço imediatamente, logo que volte do interior. A presença de tantos protestantes ingleses e alemães, e o sentimento a favor da colonização, na qual esta província está muito interessada, vão trabalhar a favor da não interferência. A mim parece que se deve tentar e se, nas orações em que pedirei orientação divina, minha mente continuar como agora, vou fazer a tentativa. O clima é agradabilíssimo e a vida muito mais barata. Se pudéssemos ocupar dois pontos, não hesitaria em fixar um deles aqui” (30-12-1860).

Junho de 1861 – início dos cultos em português

Uma ocasião muito feliz para o jovem missionário foi o início dos cultos regulares em português, no Rio de Janeiro: “Por volta do dia 1º de maio [de 1861] aluguei sala na Rua Nova do Ouvidor, nº 31, onde comecei a dar aulas em inglês e em português duas vezes por semana, para ter acesso aos nacionais e trazê-los aos estudos bíblicos dominicais. O primeiro estudo bíblico foi no dia 19 de maio, às três da tarde. Foi com algum temor que esperei a hora. Compareceram dois e pareciam interessados. Comecei pelo Evangelho de Mateus. No domingo seguinte, três presentes; no terceiro, mais; no quarto domingo tive a surpresa de ver a sala cheia de homens e mulheres. Foi maravilhoso ver tantos nacionais querendo receber instrução religiosa. Em conseqüência desse desejo, na última quinta-feira comecei um culto vespertino durante a semana, na qual estiveram presentes sete pessoas. É com grande prazer e gratidão que vejo o caminho aberto para a pregação do evangelho” (17-06-61).

Setembro de 1861 – adiamento do trabalho em São Paulo

Quanto a São Paulo, as circunstâncias não permitiram o início do trabalho a esta altura. Simonton explica: “No começo de setembro [de 1861] o Sr. Blackford visitou São Paulo para fazer os preparativos de nossa mudança para lá, conforme se decidiu. Não encontrando casa vazia de qualquer espécie, voltou e propôs-se a assumir a responsabilidade de permanecer no Rio por enquanto, deixando São Paulo para o futuro. Durante sua ausência, escrevi uma longa carta à Junta [de Missões Estrangeiras], insistindo na nossa separação, com a ocupação dos dois pontos… De comum acordo, fizemos nossa proposta à Junta e dentro de um mês talvez tenhamos resposta” (25-11-61).

Outubro e dezembro de 1861 – primeiros frutos do trabalho

Em seu Diário, Simonton relata com tristeza as notícias sobre o início da Guerra Civil em seu país. Quanto ao trabalho evangelístico, alegra-se com os primeiros interessados em professar a fé. Numa carta enviada em 7 de outubro ao periódico The Foreign Missionary, ele escreveu: “Tenho a esperança de que três daqueles que têm recebido instrução religiosa por meu intermédio estão debaixo da convicção da verdade e da importância da doutrina da salvação pela fé em Cristo. Um deles dá evidência muito satisfatória de que o Espírito de Deus iluminou sua mente. Confio que poderemos recebê-lo por pública profissão de fé em pouco tempo”. No dia 31 de dezembro, ao fazer um balanço do ano, Simonton anotou em seu Diário: “Além de minhas expectativas, foi-me permitido trabalhar pregando o evangelho diretamente aos nacionais. A Providência de Deus guiou-me no caminho certo, tornando fáceis os trechos árduos e dando forma às coisas desconhecidas (e portanto vagas). Um ano atrás, ou menos, eu mal sabia que passos tomar para poder pregar; agora não somente dou instrução religiosa a um círculo cada vez maior de pessoas, mas estou alegre com a persuasão de que os primeiros frutos já amadureceram. Na tibieza de minha fé, eu não esperava que meu fraco ensino seria honrado tão cedo. Cardoso e Manuel entre os nacionais, e o Sr. Milford de meu próprio país, alimentam minhas esperanças de terem nascido de novo pela palavra da verdade ministrada por mim… Estou feliz e agradecido e aqui levanto meu Ebenézer [1Sm 7.12], meu memorial à bondade e fidelidade de Deus e meu Salvador”.

Janeiro de 1862 – organização da Igreja do Rio

No início de janeiro, ocorreu o evento tão ansiosamente aguardado, estando também presente o colega recém-chegado Francis Schneider: “No domingo, dia 12 [de janeiro de 1862], celebramos a Ceia do Senhor, recebendo por profissão de fé Henry E. Milford e Camilo Cardoso de Jesus. Assim foi a nossa organização em igreja de Jesus Cristo no Brasil. Foi uma ocasião de alegria e prazer. Muito antes que minha fé esperava, Deus permitiu-me ver a colheita dos primeiros frutos de nossa missão… O Sr. Cardoso, a seu próprio pedido e de acordo com o que nós também julgamos melhor depois de muito pensar e hesitar, foi batizado” (14-01-62).

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