IPB: História e Identidade
Curadoria dos Museus da IPB

Documentos da história da IPB 4 – Os companheiros de Simonton

Rev. Alexander L. Blackford

Dois meses após a organização da Igreja do Rio de Janeiro (12.01.1862), o Rev. Simonton seguiu para os Estados Unidos, lá permanecendo por um ano e quatro meses. Foi substituído pelo colega e cunhado Alexander Latimer Blackford, que havia chegado ao Brasil em julho de 1860. Em janeiro de 1862, Blackford enviou ao periódico The Foreign Missionary, o interessante relato de uma viagem à Província de Minas Gerais (Juiz de Fora, Barbacena e São João Del Rei). No final, ele afirmou: “No momento, a conveniência de qualquer esforço especial, localizado ou permanente nesta região não parece óbvia. Existem numerosos outros locais que, parece-me, deveriam ser ocupados antes. A distribuição da Bíblia, onde pode ser feita, parece-me desejável como trabalho inicial. Por vezes eu havia quase duvidado dessa medida, mas os fatos parecem favorecê-la como regra. Quando o trabalho missionário começar a mostrar frutos aqui, creio que seu desenvolvimento será rápido… Onde quer que a palavra escrita é difundida, o Espírito de Deus pode torná-la o poder de Deus e a sabedoria de Deus para a salvação. É o poder do Espírito Santo que agora é necessário para mover e preparar os corações dos homens e selar sua verdade para a salvação. À medida que aumentar nossa familiaridade com o país, confio que se multiplicarão tanto os meios como as oportunidades de exercer influência”.

Rev. Francis J. C. Schneider

Em março de 1862, Francis Schneider, um novo missionário que havia chegado no final do ano anterior, escreveu da cidade de Limeira (SP) ao mesmo periódico, relatando sua viagem desde o Rio de Janeiro, passando por Santos, São Paulo e Campinas. Ele ficou impressionado com certas características dos nacionais: “Indolência, falta de energia e aversão a qualquer tipo de esforço é a característica principal de quase todos os brasileiros”. Sobre a religião oficial, afirmou: “A religião romana perdeu quase toda a influência sobre o povo e, se não fosse pelo fato de que o batismo ministrado por um sacerdote é necessário para progredir seja na vida civil ou militar, creio que até isso seria rapidamente negligenciado por muitos”. Schneider também ficou decepcionado com os imigrantes alemães que encontrou no interior da província: “[Eles] sabem alguma coisa de religião, mas consiste quase inteiramente de idéias muito rudimentares. Eles sabem que existe um Deus, mas nada sabem dos nossos deveres para com ele. Do Dia do Senhor, nada sabem, exceto como um dia para beber, ir à cidade para trocar ou vender cavalos e visitar a taverna. Eles acreditam que seus filhos devem ser batizados, mas não têm nenhuma idéia certa do que é o batismo, crendo que não faz diferença quem os batiza, se um sacerdote católico ou um ministro protestante. Muitos estão ansiosos em participar da Ceia do Senhor e alguns me pediram para ministrá-la, mas parece-me que consideram a mera participação como se fosse um ato mediante o qual seus pecados serão perdoados e será adquirido o direito ao céu”.

Rev. Emanuel N. Pires

Em agosto de 1866 chegou ao Brasil um missionário de origem portuguesa, Emanuel Pires. Algum tempo depois, ele enviou a The Foreign Missionary um relato sob o título “Meu primeiro domingo de comunhão no Brasil”. No dia 2 de setembro, depois de participar de um culto dirigido por Simonton, “todo na língua portuguesa, que ele fala fluentemente”, ele assistiu a um segundo culto na Igreja Evangélica Fluminense, do Rev. Robert R. Kalley. Pires declarou: “Ali pela primeira vez eu participei da ceia no Brasil, e considerei um especial e rico privilégio sentar à mesa do Senhor sob a ministração daquele servo de Deus que foi o primeiro a atacar o Portugal romano, que pode com propriedade ser chamado o Apóstolo da Madeira, que foi o primeiro a se estabelecer no Brasil e que é o pai em Cristo dos cristãos portugueses, que têm para com ele uma dívida que nunca poderão pagar”.

Um apelo insistente

Onze anos mais tarde, em 1877, o Rev. Blackford publicou um livreto intitulado “Esboço da Missão no Brasil”, relatando à igreja norte-americana o trabalho feito até então. Nos parágrafos finais, ele declarou: “Uma porta efetiva está aberta para o evangelho no Brasil. Esse país deve ser evangelizado dentro dos próximos dez anos. Ele pode ser, e o será, se a Igreja se levantar e cumprir o seu dever. O Senhor foi adiante e preparou maravilhosamente o caminho. Não há tempo para enumerar os lugares importantes a serem ocupados ou para falar dos numerosos e urgentes apelos para ir e pregar, enviados muitas vezes de lugares distantes em que uma Bíblia, um livro, um folheto ou uma Imprensa Evangélica falou da Palavra ou do trabalho, mas onde nenhum pregador vivo jamais foi e onde – ai de nós! – não temos nenhum para enviar. Numa população assim pronta e ansiosamente esperando pelo Evangelho, há um ministro evangélico para cada 500.000 almas, ao passo que nos Estados Unidos há um para cerca de 750. Este país tem muito grandes e importantes relações comerciais com o Brasil. O Mestre favoreceu grandemente a Igreja Presbiteriana destes Estados Unidos, dando-lhe até agora o privilégio quase exclusivo de pregar o evangelho àquele interessante povo. Como ela responderá a esse chamado providencial? Irmãos, suas orações, seus filhos e filhas, e seu ouro e prata são necessários para esse trabalho. Existem 16 igrejas organizadas ligadas à nossa Missão, com uma membresia conjunta de 668 pessoas, e 4 igrejas ligadas à Missão da Igreja do Sul”.

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