Alderi Souza de Matos
Introdução
Nas últimas décadas, as questões ligadas às mulheres têm despertado grande interesse e controvérsia em todo o mundo. O Movimento Feminista ou Movimento de Libertação da Mulher, surgido nos anos 50, intensificou-se na década seguinte, no contexto de grandes transformações sociais e de uma onda contestadora e revolucionária que atingiu todos os segmentos da sociedade.[i] Esse movimento, com sua ênfase nos direitos da mulher, não só abalou fortemente a sociedade civil, mas também afetou de maneira direta as igrejas cristãs. Duas áreas em particular tornaram-se focos de intensos debates: em primeiro lugar, a questão do papel da mulher na igreja e mais especificamente a ordenação das mulheres ao ministério/sacerdócio; em segundo lugar, o problema ainda mais fundamental da interpretação das Escrituras e do entendimento da fé tradicional da igreja.
Essas questões levaram ao surgimento de teologias feministas,[ii] que vieram a assumir uma grande diversidade de configurações e ênfases. De um lado, existem as feministas evangélicas, que não vêem nenhum sexismo radicalmente opressor no registro bíblico e, portanto, não sentem a necessidade de qualquer reinterpretação profunda das Escrituras no que diz respeito à mulher. Outra posição, influenciada pela teologia da libertação, vê um chauvinismo patriarcal na Bíblia e na história cristã, mas, por estar comprometida com a libertação como a mensagem central das Escrituras, continua a aceitar a tradição cristã, ainda que contestando-a em diversos pontos. Finalmente, o feminismo radical, também denominado feminismo rejeccionista ou pós-cristão, entende que a Bíblia promove uma estrutura patriarcal opressora e, assim sendo, rejeita a autoridade dessa mesma Bíblia. Essa corrente, em suas manifestações mais extremas, busca restaurar as antigas religiões voltadas para a feitiçaria ou aceita um misticismo ligado à natureza e fundamentado exclusivamente na “consciência das mulheres”.[iii]
Um problema de muitos cristãos evangélicos é a tendência de rejeitarem em bloco, na sua totalidade, as correntes de pensamento com as quais não concordam, sem levar em conta que podem existir aspectos das mesmas que são válidos e merecedores de reflexão e aceitação. Tal é o caso do pensamento feminista. Se é bem verdade que se devem fazer ressalvas quanto a certas maneiras como as feministas encaram a Bíblia e a teologia cristã, existem também algumas ênfases que devem merecer a atenção de todos os cristãos conscienciosos. O movimento feminista e a reflexão teológica gerada pelo mesmo tem feito colocações e denúncias que precisam ser ouvidas pela sociedade e pela igreja. As mulheres têm, de fato, ao longo da história, sido objeto de incontáveis injustiças, violência e opressão. E as igrejas, com muito frequência, tem participado desse processo, até mesmo por omissão, ao silenciar diante do tratamento desumano dado a tantas mulheres, inclusive em nossa própria sociedade e cultura brasileira.
Uma das maneiras de valorizarmos as mulheres e defendermos a sua dignidade é tirá-las do anonimato, do esquecimento. Foi o que Jesus fez com a mulher que o ungiu em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Diante das críticas dos que a censuravam pelo desperdício do unguento precioso, Jesus a defendeu e afirmou: “Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua” (Mc 14.9; Mt 26.13). A propósito, a leitura dos evangelhos mostra como Jesus consistentemente respeitou e tratou em pé de igualdade as mulheres com quem interagiu no seu ministério. Um bom exemplo disso é o seu diálogo com a samaritana, narrado em João 4. Do mesmo modo o apóstolo Paulo, tido por muitos como um misógino, alguém que não gostava das mulheres, revela frequentemente em suas cartas uma atitude de profundo reconhecimento e admiração em relação às muitas mulheres que participaram do seu trabalho missionário. Como Jesus, ele faz questão que elas não caiam no esquecimento, mencionando-as explicitamente em suas epístolas. Priscila, Febe, Evódia e Síntique são alguns nomes bem conhecidos. Somente em Romanos 16, o apóstolo menciona dez mulheres específicas.
O objetivo deste estudo é destacar as vidas e os esforços de algumas mulheres em relação às quais os evangélicos brasileiros têm uma profunda dívida de gratidão. No sentido de delimitar um tema tão vasto, o trabalho focaliza algumas das principais pioneiras presbiterianas que começaram a trabalhar no Brasil antes de 1900. Essas pioneiras foram em sua maior parte norte-americanas, mas incluíram também algumas brasileiras. Quanto às suas atividades, destacam-se de modo especial as esposas de pastores, as missionárias e as educadoras.
Muito se tem escrito sobre a atuação das mulheres presbiterianas em outros países, mas não no Brasil. Pelo menos não tem havido, até agora, um tratamento mais amplo e sistemático do assunto. O que se encontra nos livros são referências esporádicas, ocasionais. Tal é o caso das obras que tratam da história do presbiterianismo brasileiro, onde encontramos informações valiosas, porém dispersas ao longo de narrativas que se concentram essencialmente na contribuição masculina.[iv] Outras fontes de informações são as histórias das missões, nas quais os dados referentes ao Brasil são ainda mais limitados.[v] Restam as obras de natureza biográfica, algumas extremamente úteis, que tratam de pessoas específicas.[vi] Nesse particular, periódicos como a Imprensa Evangélica, O Puritano e Brasil Presbiteriano também são uma rica fonte de informações. Algumas das fontes mais relevantes para um estudo como este são os escritos pessoais dessas obreiras, tais como cartas e diários. Todavia, no que se refere às pioneiras norte-americanas, esses documentos geralmente só estão disponíveis em arquivos históricos localizados nos Estados Unidos.
Assim sendo, este trabalho baseia-se acima de tudo em fontes secundárias. Por outro lado, a preocupação maior não é a de fazer uma análise psicológica, sociológica ou mesmo missiológica das pessoas contempladas. O objetivo do autor é simplesmente contar a história das pioneiras presbiterianas, na esperança de que futuros estudos possam fazer análises mais aprofundadas desse aspecto tão interessante quanto negligenciado da historiografia protestante no Brasil.
1. Esposas de pastores
As primeiras mulheres presbiterianas que atuaram no Brasil foram as esposas dos missionários pioneiros. Ainda que nem sempre se dedicassem diretamente ao trabalho evangelístico ou educacional, limitando-se às lides domésticas, eram consideradas como missionárias pelas juntas norte-americanas. Nos dez primeiros anos da obra presbiteriana no Brasil (1859-1868), todos os obreiros foram enviados pela Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA), com sede em Nova York. Foi somente a partir de 1869 que a Igreja Presbiteriana do sul dos Estados Unidos (PCUS), cujo Comitê de Missões Estrangeiras estava sediado em Nashville, no Tennessee, começou também a enviar obreiros.
1.1 Elizabeth Simonton Blackford
Quando Ashbel G. Simonton chegou ao Brasil, estava ainda solteiro. Portanto, a primeira missionária presbiteriana a vir para o país foi a sua irmã, Elizabeth Simonton Blackford, casada com o Rev. Alexander Latimer Blackford. Pouco antes de vir para o Brasil, Simonton visitara o Western Seminary, em Allegheny, Pensilvânia, para conhecer Blackford, que acabara de ser ordenado e também fora aceito como missionário para o Brasil. Nessa ocasião, provavelmente surgiu um convite para que Blackford visitasse a família Simonton em Harrisburg, no mesmo estado, e teria sido assim que ele encontrou-se com Elizabeth, conhecida familiarmente como Lille. Casaram-se em 8 de março de 1860. Depois de uma tumultuada viagem marítima de três meses, o casal chegou ao Rio de Janeiro em 24 de julho de 1860.[vii]
Blackford e Lille mudaram-se para São Paulo em outubro de 1863, dando início à obra presbiteriana na capital paulista. Em maio do ano seguinte, receberam a visita do sacerdote José Manoel da Conceição, que retribuía uma visita que Blackford lhe havia feito. Conceição deixou um belo testemunho acerca de Elizabeth:
Sua muito nobre senhora, Mme. Blackford, cuja alma é o santuário do Espírito de Deus, a primeira palavra que me dirigiu foi um convite para comungar na sua igreja. A surpresa embaraçou-me por um momento… Três grandes nomes, que farão eternamente o objeto de minha gratidão, são inseparáveis da minha conversão e entrada na família cristã. Estes nomes são A. L. Blackford, sua muito nobre senhora e A. G. Simonton. Eis os dignos instrumentos de que quis Deus servir-se para me fazer cristão.[viii]
A residência da família Blackford na R. Nova de São José, nº 1 (hoje R. Líbero Badaró), próximo ao Largo de São Bento, foi o berço do presbiterianismo paulista. Ali reuniu-se a igreja por muitos anos; ali Elizabeth criou a pequenina Helen Simonton,[ix] após o falecimento da sua cunhada; ali faleceu o seu irmão, o pioneiro Ashbel G. Simonton, em 9 de dezembro de 1867. Pouco antes do desenlace, Elizabeth aproveitou um dos últimos momentos de lucidez de Ashbel e perguntou-lhe se tinha recados para os amigos do Estados Unidos, para a junta de missões e para a igreja do Rio. Ao ver sua irmã tomada de emoção, Simonton afirmou: “Devemos apenas nos recostar nos Braços Eternos e estar sossegados”.[x]
Com a morte de Simonton, o casal Blackford voltou para o Rio de Janeiro e esteve por um decênio à frente da igreja local. Lille veio a falecer em 23 de março de 1879, após quase vinte anos dedicados à obra missionária no Brasil. A Imprensa Evangélica publicou um texto assinado por M. C. (provavelmente Modesto Carvalhosa)[xi] com um belo depoimento sobre a fé e dedicação dessa mulher admirável. Enferma nos últimos anos de sua vida, foi algumas vezes aos Estados Unidos em busca de tratamento, mas logo que sentia algum alívio regressava ao campo missionário, por causa do desejo que tinha de viver e trabalhar no Brasil com seu esposo e do seu grande amor por este país. O casal achava-se de passagem por São Paulo quando Elizabeth foi acometida de uma febre tifóide, vindo a falecer em Campinas. Seu corpo foi levado a São Paulo e sepultado ao lado do de seu irmão no Cemitério dos Protestantes,[xii] conforme o desejo que manifestara muitas vezes. O Rev. John B. Kolb deu um dos mais significativos testemunhos sobre Elizabeth ao afirmar que ela “amava com toda a ternura do seu coração o povo brasileiro, chamando-o ‘o meu povo’”.[xiii]
1.2 Helen Murdoch Simonton
Em fins de março de 1862, Simonton obteve licença para ir aos Estados Unidos. Ao chegar, afligiu-se com o recente falecimento da sua mãe e com a guerra civil que assolava o país. Em julho, Deus o consolou com algo que ele vinha aguardando há algum tempo. O Rev. John C. Backus, pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Baltimore, convidou-o para substituí-lo durante as suas férias, e foi assim que ele conheceu Helen Murdoch, membro daquela igreja. Simonton passou um Natal feliz na casa da família Murdoch. Em fevereiro do ano seguinte, ele anotou em seu Diário:
No dia 28 de janeiro, depois de muito interrogar-se, Helen Murdoch concordou em ser minha noiva; o casamento será no dia 19 de março. Buscamos a direção divina e ambos estamos certos de que a aliança de Deus está conosco. Quanto a mim, meu futuro lar no Brasil apresenta-se com cores brilhantes. Tenho ansiado pela atmosfera de amor, simpatia, sã moral e nível intelectual que no Brasil, somente existe no círculo familiar onde a verdadeira esposa reina.[xiv]
A seguir, reconheceu o desprendimento de Helen com as seguintes palavras: “Ofereço a minha gratidão a Deus por haver dado graça, coragem e amor a mim àquela a quem dei minha afeição, de tal forma que está pronta a deixar amigos, lar e pátria para compartilhar minha vida e meus trabalhos”.
Philip Landes registra o seguinte depoimento dado por William Rankin sobre Helen em sua obra Missionary Memorials:
Ela nasceu de pais cristãos que a dedicaram a Deus no seu batismo. Caracterizava-se por grande suavidade de temperamento e sensibilidade de consciência, com um grande talento. Teve boas oportunidades de estudo. Logo após deixar a escola, professou a sua fé em Cristo na Primeira Igreja de Baltimore. Era atuante na Escola Dominical, em visitas evangelísticas e em toda obra de amor disponível aos cristãos de Baltimore.[xv]
A cerimônia nupcial foi oficiada pelo Rev. Backus na presença de aproximadamente noventa amigos e parentes do casal. Após o casamento, Ashbel e Helen passaram algum tempo visitando pessoas em diversas cidades e retornaram ao Brasil em maio, chegando ao Rio de Janeiro em 16 de julho de 1863. Os meses seguintes foram marcados por enorme felicidade para o novo casal. Simonton registrou em seu Diário as alegrias daquele breve período: “Estou outra vez em meu posto, casado, e se a esperança não mentir, em breve saberei o que é ser pai”. E algum tempo depois: “Hoje é o primeiro aniversário do nosso casamento, um dia de amáveis recordações e sentimentos de gratidão. Foi um ano de bênção e quase nenhum aborrecimento”.[xvi]
O mesmo William Rankin observa a respeito de Helen:
Ela era adaptada à vida missionária, tendo uma mente primorosa e bem cultivada, um juízo sadio, um coração mui terno e amoroso, com uma fé simples, profunda humildade e zelo altruísta. Ela era especialmente qualificada para ser uma ajudadora no campo missionário. Sua extrema modéstia a princípio fazia com que parecesse retraída e insegura; no entanto, conferia um delicado refinamento às suas maneiras e lhe dava incomum facilidade para granjear a confiança e a afeição de todos com os quais se relacionava.[xvii]
Pouco meses mais tarde o cenário mudou de maneira dolorosa. A filha do casal nasceu no dia 19 de junho de 1864 e nove dias depois Helen veio a falecer em sua casa no Morro do Castelo, devido a complicações resultantes do parto, sendo sepultada no Cemitério dos Ingleses. Simonton deixou o seguinte testemunho sobre a sua esposa:
Foi inesperado; contudo alegra-me saber que a morte encontrou minha querida esposa preparada. Ela era tímida, insegura, vagarosa em expressar sua fé em Cristo; entretanto, na hora da provação estava calma e em paz. Quando às 3 horas da manhã voltei do médico, ela me perguntou: “Como estou? Não esconda nada de mim”. Contei-lhe meus temores. Disse-me: “Ore por mim,” mas acrescentou logo: “Não, eu orarei por mim mesma”. Muito quieta e calma ela orou mais ou menos com essas palavras: “Senhor Jesus, venho a ti, não que eu tenha algum valor, sinto que não tenho. Tenha piedade de mim e receba-me, Senhor Jesus”.[xviii]
Com isto, Helen Murdoch Simonton tornou-se a primeira pessoa a dar a sua vida pela causa presbiteriana no Brasil, menos de um ano após haver chegado a este país.[xix] Ela ilustra muito bem os grandes riscos que corriam os missionários ao trabalharem em países insalubres e carentes de recursos, bem como a necessidade de renúncia e sacrifício de projetos pessoais.
1.3 Outras esposas americanas
Muitas outras esposas de missionários presbiterianos do norte dos Estados Unidos atuaram no Brasil até o final do século dezenove. Alguns outros nomes dignos de nota, por ordem cronológica de ingresso no campo, são os seguintes: Ella G. Kinsley, americana aqui residente que casou-se com o Rev. Francis J. C. Schneider; Mary Ann Annesley, esposa do Rev. George W. Chamberlain e fundadora da Escola Americana; Martha Dale, esposa do Rev. Robert Lenington; e Keziah Breward Gaston,[xx] outra americana residente no Brasil, que veio a casar-se com o Rev. John Benjamin Kolb.
Como foi dito, a Igreja Presbiteriana do sul dos Estados Unidos começou a enviar missionários para o Brasil somente em 1869. Alguns dados estatísticos sobre o período 1869-1900 são bastante esclarecedores. Nesses 30 anos, a PCUS enviou ao Brasil cerca de 65 obreiros, dos quais 36, ou seja, pouco mais da metade, foram mulheres. Destas, 23 foram esposas de pastores e as demais educadoras e evangelistas.[xxi] Ao mesmo tempo, deve-se levar em conta que algumas das esposas de missionários foram também educadoras, ao passo que algumas educadoras que aqui chegaram solteiras vieram a casar-se com missionários solteiros ou viúvos.
Os nomes de algumas esposas de obreiros vindos do sul dos Estados Unidos, por ordem cronológica de ingresso no campo missionário, são os seguintes: Mary Brown Morton e Sarah Ligntner Lane, respectivamente esposas dos pioneiros de Campinas Revs. George Nash Morton e Edward Lane; Agnes Morton Boyle, esposa do Rev. John Boyle, o desbravador do Brasil central; Mary Hoge Wardlaw, esposa do Rev. DeLacey Wardlaw, pioneiro no Ceará; Rena Humphrey Butler, esposa do Rev. George W. Butler, o “médico amado” de Pernambuco; Kate E. Bias, que veio a casar-se com o Rev. Frank A. Cowan; Katherine Hall Porter, esposa do Rev. William C. Porter, o “missionário de cabelos brancos”; e Susan Carolina Porter Smith, esposa do pioneiro do nordeste, Rev. John Rockwell Smith.[xxii]
Dentre as muitas dificuldades enfrentadas por essas admiráveis senhoras e suas famílias estavam as frequentes perseguições religiosas. Tal sucedeu quando o Dr. George Butler iniciou o seu trabalho evangelístico em Garanhuns, Pernambuco, em 1895. Sua casa era constantemente apedrejada, de modo que D. Rena tinha de colocar os filhos debaixo de uma mesa para livrá-los das pedras arremessadas no telhado.[xxiii] Certa noite uma pesada pedra rompeu o telhado e quase atingiu a cabeça do filhinho do Dr. Butler, de cinco anos. Houve um período em que a casa teve de ser retelhada quatro vezes em menos de vinte dias. Coisa semelhante aconteceu com a família Smith na cidade de São Francisco. Segundo o historiador Themudo Lessa, a própria D. Carolina Smith lhe contou que à noite via-se obrigada a proteger com toldos ou coberturas o leito de seus meninos para resguardá-los das pedras que atravessavam o telhado.[xxiv]
Outra valorosa obreira foi Katherine Hall, ou Kate, como era conhecida na intimidade. Ela também pertencia a uma família americana que havia emigrado para o Brasil, indo estabelecer-se em Campinas. Mais tarde voltou à Georgia, onde estudou música e educação religiosa, vindo a casar-se com o Rev. William Calvin Porter em 1891. O casal trabalhou inicialmente em Pernambuco e no Ceará, e depois no Rio Grande do Norte, onde Katherine fundou em 1895 o Colégio Americano de Natal, a primeira escola evangélica do norte do Brasil.[xxv]
Cabe observar que, como é natural, muitos missionários que chegaram ao Brasil solteiros ou aqui enviuvaram vieram a casar-se com moças de famílias norte-americanas aqui residentes. Nesse aspecto, é particularmente interessante o caso da família Hall, de Americana. Charles e Mary Hall tiveram seis filhas, das quais cinco vieram a casar-se com missionários: Lucy casou-se com o Rev. Charles Morton; Katie, com o Rev. Alva Hardie; Sadie, com o Rev. James Porter Smith; Margaret, com o Rev. Philippe Landes; e Roberta, com o Rev. Robert D. Daffin.[xxvi] Após a morte da sua primeira esposa, o Rev. Alexander L. Blackford casou-se com Nannie Gaston, filha do Dr. James McFadden Gaston, médico e presbítero de Campinas. E, para citar mais um exemplo, o controvertido Rev. Dr. William Alfred Waddell casou-se sucessivamente com as filhas de dois colegas: Mary Lenington e Laura Chamberlain.[xxvii]
Em seu estudo sobre os primeiros cinquenta anos da obra presbiteriana no Brasil, Robert L. McIntire presta um belo tributo às mulheres pioneiras. Diz ele: “As esposas, muitas das quais fizeram sacrifícios de proporções heróicas, foram tão importantes para a difusão do evangelho quanto seus maridos”. Duas páginas adiante, ele acrescenta:
Muitos anos se passaram até que as mulheres ligadas à Missão fossem devidamente reconhecidas e recebessem o direito ao voto nas questões da obra, mas a influência das esposas e das mulheres solteiras que se dedicaram ao trabalho evangélico no Brasil provavelmente nunca poderá ser corretamente aquilatada. Os difíceis desafios a que as esposas estavam sujeitas incluíam a tarefa de cuidar dos filhos e de serem mestras em todos os assuntos. Elas também tinham de cuidar da casa, que devia ser flexível o suficiente para tornar-se um hotel ou hospedaria para hóspedes e viajantes. Além disso, a esposa do missionário tinha de ser uma professora da Bíblia para outras mulheres da igreja. Todavia, a tarefa mais difícil de todas era dizer adeus ao marido, que podia ausentar-se por três meses a fio, e suportar estoicamente as notícias fictícias de doenças, acidentes ou morte que inevitavelmente chegavam aos seus ouvidos como uma forma de perseguição psicológica por parte de católicos romanos. É um verdadeiro tributo à fé dessas esposas missionárias o fato de que geralmente permaneciam firmes e podiam até mesmo sentir-se alegres em face desse problema.[xxviii]
1.4 Esposas de pastores nacionais
Além das esposas dos missionários norte-americanos, as esposas dos primeiros pastores nacionais (brasileiros e portugueses) também precisam ser lembradas. Evidentemente, no período estudado (1859-1900) o número de pastores nacionais era ainda um tanto reduzido em comparação com os estrangeiros, e por isso não existem muitos nomes de esposas a serem mencionados.
Merece destaque o nome de Luíza Pereira de Magalhães, esposa do Rev. Eduardo Carlos Pereira, o primeiro grande líder presbiteriano brasileiro. Luíza era suíça e descendente de calvinistas. Após estudar em Genebra, onde foi aluna brilhante, dirigiu-se para a Inglaterra, onde trabalhou como governanta de uma família ilustre. Vindo seus pais para o Brasil, por influência de um engenheiro contratado por D. Veridiana Prado, a jovem veio reunir-se à família no Rio de Janeiro. Naquela província, trabalhou como professora para uma rica família de proprietários e fazendeiros. Veio depois para São Paulo, onde foi contratada para lecionar na Escola Americana, onde conheceu seu futuro companheiro, com o qual se casou em 1880.[xxix] Passaram oito anos no interior, primeiro em Lorena e depois em Campanha, Minas Gerais. Nesse meio de tempo, a família de Luíza voltou para a Europa. A saudade dos entes queridos, os anos de trabalho árduo de evangelização, a falta constante de recursos, as viagens exaustivas e as humilhações impostas pelos adversários afetaram permanentemente a saúde dessa valorosa mulher.
Consta que, ao chegarem a Campanha, depois de difícil jornada pela serra da Mantiqueira, foram residir numa casa considerada assombrada, onde o senhor fora assassinado pelos escravos. Durante muito tempo, tomavam uma só refeição pela manhã e à tarde café com pão; a mobília da casa era feita por eles mesmos, de barricas e caixotes. A sala de cultos era uma das dependências da casa. Muitas vezes o Rev. Eduardo viajava e deixava Luíza à frente da casa e da igreja; outras vezes ela o acompanhava. A esse nobre casal se deveu a implantação do evangelho naquela região, onde mais tarde surgiria o Presbitério Sul de Minas.[xxx]
Também é digna de nota a figura extraordinária de Alexandrina Teixeira da Silva Braga, esposa de um dos primeiros pastores “brasileiros” (nascido em Portugal), Rev. João Ribeiro de Carvalho Braga, e mãe do grande Erasmo Braga. Após seu casamento em 1876, o casal residiu sucessivamente em Rio Claro, São Paulo, Botucatu, Sorocaba e Niterói, sempre a serviço da causa evangélica. Alexandrina ficou conhecida como uma mulher culta e piedosa, “um espírito aberto aos grandes problemas do século e da pátria, esposa de dedicação comovente”.[xxxi] Destacou-se como professora, tendo lecionado na Escola Americana e em outras instituições. Foi também autora de uma obra de controvérsia, Comparação da Doutrina da Igreja Romana com as Santas Escrituras, e tradutora, juntamente com seu esposo, do conhecido Dicionário Bíblico de Davis, publicado pelo filho Erasmo em 1927.[xxxii]
A esposa de outro grande líder presbiteriano brasileiro foi Maria Fonseca, mais conhecida como Mariquinhas. Ela estava com cerca de dezessete anos quando o então estudante para o ministério Álvaro Emídio Gonçalves dos Reis foi pregar na sua igreja e a conheceu. Mariquinhas mudou-se para Campinas a fim de estudar e o namoro continuou através de bilhetes que ele deixava no muro do colégio. Um cartão de 1884, com umas flores, dizia: “Estas flores podem murchar, mas minha amizade será eterna”.[xxxiii] Casaram-se em 21 de agosto de 1886, sendo oficiante o Rev. Edward Lane. Depois de alguns anos de trabalho na Mogiana, Álvaro pastoreou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro por 28 anos (1897-1925), tendo sempre ao seu lado a fiel e modesta Mariquinhas. A vida conjugal do casal Reis foi sempre exemplar. Júlio A. Ferreira declara ter visto a seguinte nota do Rev. Álvaro: “20 de agosto de 1923. Trinta e sete anos de lua-de-mel!”[xxxiv] Embora não tenham tido filhos, criaram catorze crianças, quase todas órfãs.[xxxv]
2. Missionárias educadoras
Além das esposas de pastores, o presbiterianismo pátrio também recebeu a valiosa colaboração de muitas mulheres que dedicaram suas vidas ao ensino e à evangelização de modo mais direto. De igual modo, algumas vieram da Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos (PCUSA) e outras da Igreja do Sul (PCUS), aquelas a partir de 1869 e estas a partir de 1872.
2.1 Mary Parker Dascomb e Elmira Kuhl
As primeiras missionárias-educadoras enviadas ao Brasil pela Junta de Missões Estrangeiras da PCUSA foram Mary Parker Dascomb e Elmira Kuhl. Nascida em Providence, Rhode Island, em 30 de junho de 1842, Mary P. Dascomb passou a sua infância e mocidade em Oberlin, Ohio. Formou-se no Oberlin College em 1860 e lecionou por alguns anos em diversas escolas. Veio pela primeira vez ao Brasil em 1866, como professora dos filhos do cônsul americano no Rio de Janeiro. Seus contatos com o Rev. Ashbel G. Simonton fizeram-na voltar ao Brasil em 1869, como missionária da Junta de Nova York, indo fixar-se em São Paulo. Dois anos mais tarde, passou a dirigir a recém-criada Escola Americana; ao mesmo tempo colaborava com o Rev. Chamberlain como organista da igreja.[xxxvi] Um relatório de Chamberlain diz o seguinte: “Desde março de 1871 têm funcionado sob a direção da Sra. Mary P. Dascomb duas aulas, sendo uma frequentada por 23 meninos e meninas inglesas e a portuguesa por 10 meninos e meninas”.[xxxvii] Mais tarde, ela também dirigiu a escola fundada pelo Rev. George Landes em Botucatu.[xxxviii]
Mary P. Dascomb teve uma grande amiga e colaboradora em Elmira Kuhl (1842-1917), conhecida pelos amigos como Ella. Elmira nasceu em Copper Hill, Nova Jersey, no dia 13 de janeiro de 1842. Após concluir os seus estudos, passou a lecionar em sua cidade natal, revelando-se uma excelente professora. Em 1870, abriu uma escola particular na casa do seu pai, escola que logo adquiriu grande popularidade. Foi nomeada para o trabalho missionário no Brasil em 7 de maio de 1874 e um mês depois chegou a Rio Claro, onde trabalhou na escola evangélica fundada pelo Rev. João Fernandes Dagama.[xxxix] Em janeiro de 1878, transferiu-se para São Paulo a fim de trabalhar ao lado de Mary P. Dascomb na Escola Americana. A partir de então, as duas notáveis mestras passariam juntas boa parte do restante de suas vidas. Depois de algum tempo em Botucatu, ambas foram em 1892 para Curitiba, a fim de dirigir uma filial da Escola Americana, o que fizeram por vinte e cinco anos.[xl]
Seus contemporâneos apontaram para as diferenças de temperamento e métodos de trabalho dessas duas companheiras inseparáveis. Mary Dascomb era cheia de energia e possuía uma conversa cativante. Versada na literatura moderna e nos grandes movimentos mundiais, emitia opiniões positivas sobre temas sociais, literários, políticos e pedagógicos. Tinha um coração expansivo e generoso. Elmira Kuhl era calma, quieta, mas alegre, muito paciente e reservada em suas opiniões, mas firme em conservá-las tenazmente. Com grande prudência e mansidão, diligente e conscienciosa em seu trabalho, metódica e sistemática em negócios, possuía grande capacidade administrativa e uma determinação inabalável.[xli] Essas duas notáveis mestras que nasceram no mesmo ano (1842), faleceram ambas aos 75 anos em 1917, Mary Dascomb em Curitiba e Ella Kuhl em Nova York, antes que a notícia da morte de uma pudesse alcançar a outra viva.[xlii]
2.2 Educadoras pioneiras da Igreja do Sul
A primeira educadora da PCUS, Arianna (Nannie) Henderson, chegou a Campinas em 1872, iniciando em janeiro do ano seguinte uma escola para meninas, ao mesmo tempo em que os Revs. George Nash Morton e Edward Lane lançavam as bases do famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Em 1874 chegou nova missionária-educadora, Mary Videau Kirk, que permaneceu apenas cinco anos no Brasil.[xliii] Mais tarde, Nannie Henderson também serviu à Missão de Nova York, trabalhando como professora e evangelista (leitora da Bíblia nos lares) em São Paulo, Itatiba, Botucatu e outros lugares.[xliv] Exerceu grande influência sobre vários jovens que depois abraçaram o ministério, como Franklin do Nascimento, seu filho espiritual, e Erasmo Braga. Após cerca de 20 anos dedicados ao Brasil, Nannie voltou para os Estados Unidos, onde faleceu em 1910.
2.3 Charlotte Kemper
Mais extraordinária que as anteriores foi a terceira educadora da Igreja do Sul a vir para Campinas, Charlotte Kemper (1837-1927). Era neta de um coronel do exército prussiano emigrado para a Virgínia, onde Charlotte nasceu em 21 de agosto de 1837. Lotty, como era conhecida, recebeu sólida educação em seu estado natal, sendo o seu pai diretor da Universidade da Virgínia.[xlv] De temperamento um tanto introvertido, era dotada de uma inteligência excepcional. Em 1882, aos quarenta e cinco anos de idade, enquanto lecionava no Mary Baldwin College, viu realizar-se o sonho de ser missionária educadora. Em resposta a um apelo do Rev. Edward Lane, decidiu vir ao Brasil com ele e sua família para substituir Nannie Henderson, que se achava doente.[xlvi] Dirigiu a escola de moças e foi a superintendente de compras, além de lecionar o que fosse preciso. Diz-se que D. Pedro II, em visita a Campinas, manifestou grande admiração por seu raro talento.[xlvii]
Em dezembro de 1889, após um período de férias nos Estados Unidos, Charlotte regressou ao Brasil com o Dr. Lane e Mary Dascomb. Do grupo também fazia parte um novo missionário, Samuel Rhea Gammon (1865-1928). Charlotte o orientou no estudo da língua, foi revisora de seus sermões e artigos e daí em diante sempre esteve associada com ele na obra educacional.[xlviii] No final de 1892, por causa da febre amarela que assolava Campinas e que naquele ano ceifara a vida do Rev. Lane,[xlix] o Colégio Internacional foi transferido para Lavras, em Minas Gerais, vindo a tornar-se mais tarde no Instituto Gammon. Em Lavras, Charlotte passou o restante da sua vida.[l]
Além de ser a tesoureira da Missão Sul[li] e dirigir a nova escola, Charlotte gastava muito tempo em visitação e no trabalho evangelístico. Passou a ser conhecida do pessoal da missão como “Aunt Lotty” (tia Carlota), tamanha a sua bondade e solicitude – a “velhinha que andava depressa” sempre tinha palavras de carinho e incentivo para cada um.[lii] Sua bondade para com os candidatos ao ministério era proverbial e foram muitos os futuros líderes da igreja que passaram por suas mãos. Colaborou decisivamente com a escola, cada vez mais conceituada, e com a igreja, muitas vezes em meio a perseguições.[liii]
Também era conhecida por sua versatilidade e grande cultura. Conhecia a fundo o latim, bem como o grego e o hebraico. Como passatempo, gostava de ler os clássicos latinos, resolver problemas de trigonometria e fazer cálculos. A história antiga e moderna era outra de suas especialidades. Foi considerada por muitos a mulher mais culta do Brasil. Quando a falta da vista começou a impedir-lhe de ensinar, passou a gastar grande parte do tempo em visitas. Charlotte faleceu aos 90 anos, em 15 de maio de 1927.[liv]
Sua maior contribuição foi a influência benéfica que exerceu sobre várias gerações de jovens brasileiros.
2.4 Outras missionárias e educadoras
É particularmente inspiradora a história de Kate E. Bias, que chegou a Campinas em 1888 para assistir Charlotte Kemper na escola de meninas. Em 1891 ela casou-se com um novo missionário, Rev. Frank A. Cowan, que havia chegado dois anos antes para ajudar o Rev. John Boyle no Triângulo Mineiro e sul de Goiás. O casal foi residir em Bagagem, hoje Estrela do Sul, mas logo o Rev. Cowan contraiu tuberculose. Agravando-se o seu estado, o Rev. Gammon o levou até Lavras, onde ele faleceu em maio de 1894.[lv]
Kate, ou Catarina, como era conhecida dos brasileiros, poderia ter desistido de tudo e voltado para a sua terra. Porém, decidiu corajosamente continuar a obra do seu falecido esposo. Regressou a Bagagem e a Araguari, onde fundou uma escola evangélica. Um dos seus alunos foi o futuro pastor e professor do seminário Jorge Thompson Goulart. Como uma verdadeira missionária equestre, Catarina cortou centenas de quilômetros no Triângulo Mineiro. Mais tarde cooperou eficazmente com o Rev. Aníbal Nora em Alto Jequitibá, fez breve estágio em Lavras e foi residir em Piumhi, onde, no dizer de Júlio A. Ferreira, ela “escreveu sua página final de consagração ao Brasil”.[lvi] Aposentou-se em 1928, após quarenta anos de serviços.
Outra figura de destaque na obra educacional presbiteriana foi Eliza Moore Reed, que chegou ao Brasil em 1891 e no final do ano seguinte fez parte do grupo que transferiu o Colégio Internacional para Lavras. Em 1894 ela foi trabalhar com a Missão Norte, inicialmente em Pernambuco e depois em Natal, onde foi diretora do Colégio Americano, fundado por Katherine Hall Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Apesar da oposição dos adversários, em poucos anos o colégio tornou-se o melhor educandário da cidade. Em 1903, a missão resolveu abrir um colégio em Recife e para ali transferiu Eliza Reed.[lvii] No dia 1º de agosto de 1904, foi fundado o Colégio Americano de Pernambuco, mais tarde Colégio Agnes Erskine, nome que conserva até hoje. Entre os primeiros alunos estavam jovens que haveriam de alcançar posições de destaque na vida da igreja nacional, como Cecília Rodrigues, que veio a casar-se com o Rev. Cícero Siqueira e foi grande educadora em Alto Jequitibá, bem como secretária do trabalho feminino presbiteriano no Brasil. Alguns anos mais tarde, Eliza Reed teve de deixar a direção do colégio por razões de saúde e foi para os Estados Unidos. Eventualmente regressou ao Brasil e já idosa colaborou com o Rev. George E. Henderlite na educação de candidatos ao ministério em Garanhuns e em Recife, onde faleceu em 12 de maio de 1926.[lviii]
Algumas outras missionárias-educadoras que trabalharam no Brasil antes de 1900 foram as seguintes: da PCUSA – Harriet Greenman, Clara E. Hough, Marcia P. Brown e Phebe Thomas[lix]; da PCUS – Sallie H. Chambers, Carrie M. Cunningham, Blanche Dunlap, Rebecca T. Morrisette, Margaret Henry Youell e Ruth Bosworth See.[lx] Algumas estiveram em serviço por poucos anos, ao passo que outras chegaram a dedicar muitas décadas de suas vidas à obra missionária. Muitas, mesmo depois de aposentadas, permaneceram no Brasil e aqui terminaram seus dias. Vale observar que, além destas educadoras e evangelistas oficiais, havia também nas igrejas mulheres brasileiras humildes que voluntariamente serviam a causa de Cristo. Júlio A. Ferreira refere-se a Vitória Maria de Jesus, uma das primeiras participantes da Igreja do Rio na época de Simonton, que se ocupava da visitação aos lares com objetivos evangelísticos.[lxi]
3. As mulheres das primeiras igrejas
Também é importante destacar, em um estudo como este, a presença feminina nas primeiras congregações presbiterianas estabelecidas no Brasil. Diversos autores têm apontado que, desde o seu início, as comunidades protestantes brasileiras foram bastantes diversificadas em sua composição social. Émile Léonard observa: “No Brasil… eram famílias inteiras, quase que tribos, dir-se-ia, que aceitavam o protestantismo, e em todas as classes sociais”.[lxii] Mais adiante, acrescenta: “O ‘corpo protestante’ brasileiro que assim se criava teve mais esta circunstância privilegiada de se constituir normalmente à imagem exata de todo o corpo social do país. Desde o início, todas as classes e todas as profissões ali foram representadas”. Isso foi especialmente verdadeiro no que diz respeito ao presbiterianismo.
Evidentemente, a maior parte das mulheres pertencentes às primeiras igrejas eram de origem humilde, tanto nas cidades como nas zonas rurais. No final de 1865 foi organizada a Igreja de Brotas, principalmente graças ao esforços evangelísticos do Rev. José Manoel da Conceição. Muitos dos primeiros crentes pertenciam à família Gouvêa. Alguns meses mais tarde, foram recebidos vários parentes do Rev. Conceição e a família Cerqueira Leite. Boanerges Ribeiro observa que, em outubro de 1866, professaram a fé e foram batizados João Claro Arruda, um ex-escravo, e sua mulher Maria Antônia de Arruda, uma índia.[lxiii] No mesmo ano, foi batizada na igreja da capital Maria, escrava que viera do Rio com o casal Blackford como ama da pequena Helen M. Simonton.[lxiv] Em maio de 1868, quando o Rev. Blackford organizou a Igreja de Lorena, entre os primeiros membros estava Madalena Rosa, “escrava do capitão José Vicente de Azevedo”.[lxv]
Foi, todavia, em São Paulo, que ocorreu a maior diversidade social dentro da mesma comunidade, a partir de 1878. Nesse ano, a Igreja Presbiteriana, que até então tivera uma situação social bastante modesta, recebeu a adesão de sete senhoras da alta aristocracia brasileira. Em abril, foram recebidas por transferência Gabriela Carneiro Leão, irmã do Marquês do Paraná e do Barão de Santa Maria, e sua filha Henriqueta Augusta Soares do Couto. Elas haviam sido batizadas no início de 1859 pelo Dr. Robert Kalley, em Petrópolis. Em maio, a Igreja de São Paulo recebeu por tranferência da Igreja do Rio Ana Rita Vieira Ferreira Pinto e suas filhas Luíza e Estefânia e, por profissão de fé, Rosa Edite de Souza Ferreira, integrantes de uma família aristocrática de São Luís do Maranhão.[lxvi] Finalmente, em junho professou a fé Maria Antonia da Silva Ramos, filha do Barão de Antonina, um senador do Império.[lxvii] Foi a Sra. Maria Antonia quem vendeu ao Rev. Chamberlain e sua esposa a chácara que hoje constitui o campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A neta de Dona Maria Antonia, Ernestina Rudge da Silva Ramos, professou a fé em 1882 e poucos dias depois casou-se com o filho de um oficial superior, Cesário Pereira de Araújo, que ingressara na igreja quatro meses antes. Léonard observa que “este casamento protestante de dois jovens da aristocracia paulista foi um acontecimento de grande repercussão social na cidade”.[lxviii] Foi celebrado na “sala grande” da Escola Americana, sendo oficiantes os Revs. Morton, Chamberlain e Howell.
Mais importante para a Igreja Presbiteriana de São Paulo foi a adesão de uma outra família de destaque, a dos Souza Barros, descendente tanto de nobres europeus quanto das mais antigas e tradicionais famílias paulistas. Essa família foi alcançada para o evangelho pela instrumentalidade de uma simples criada, Inácia Maria Barbosa, recebida na Igreja de São Paulo no mesmo dia que Dona Maria Antonia. Inácia contribuiu para a conversão de seis filhas de Luiz Antonio de Souza Barros e sua segunda esposa, Dona Felicíssima de Campos. Chamada a cuidar de um filho de Maria Paes de Barros, a baronesa de Piracicaba, Inácia levou-a a aceitar a fé evangélica. Nos anos seguintes, ela e suas irmãs Elisa, Felicíssima, Adelina, Eugênia e Antonia professaram a fé na Igreja Presbiteriana. Mais tarde, também a sua mãe as acompanhou e o pai, embora não tenha feito adesão expressa, igualmente abraçou o evangelho.[lxix]
Ainda que as experiências dessas mulheres presbiterianas brasileiras em muitos aspectos tenham sido diferentes das de suas correligionárias norte-americanas, todas elas tinham o mesmo ideal de servir ao Senhor de suas vidas nas diferentes circunstâncias em que se encontravam e apesar das limitações que experimentavam como mulheres numa sociedade brasileira ainda marcadamente conservadora, ao final do século dezenove. A todas essas mulheres valorosas, brasileiras e estrangeiras, pobres ou abastadas, bem como a tantas outras cujos nomes não constam deste estudo e nem mesmo foram preservados nos registros históricos, os presbiterianos de hoje devem expressar o seu respeito, gratidão e admiração.
Conclusão
Ainda que destaque as contribuições positivas de algumas pioneiras do presbiterianismo brasileiro, este estudo não quer dar a entender que tais mulheres eram perfeitas. Como seres humanos que eram, estavam sujeitas às limitações e falhas próprias de todas as pessoas.[lxx] Todavia, não se pode negar o seu heroísmo, consagração a Cristo e devotamento à evangelização e à educação do povo brasileiro.
Ruth Tucker observa que “o papel das mulheres no moderno movimento missionário tem sido extraordinário. Nenhum outro ministério público da igreja atraiu de tal maneira o interesse e o comprometimento das mulheres nos últimos duzentos anos”.[lxxi] Um pouco adiante, essa autora ressalta que apesar do seu envolvimento com as missões, as mulheres têm sido em grande parte esquecidas pelos historiadores de missões. Essas obreiras muitas vezes desempenharam um papel essencial no desbravamento de novas regiões ou na criação de novos programas, mas receberam pouco crédito por seus esforços, seja na sua época ou posteriormente.
Por uma questão de justiça, é importante que a sua presença e contribuição seja reconhecida e que os seus nomes sejam lembrados. Com frequência, os missionários e outros líderes do sexo masculino são enaltecidos pelos seus feitos. No entanto, é preciso considerar que muitas vezes eles só puderam dedicar-se de maneira eficiente e desimpedida às suas tarefas porque contavam com o encorajamento e o auxílio valioso de suas esposas, filhas e outras companheiras de ministério. Espera-se que esta breve análise possa estimular novas reflexões históricas, missiológicas e pastorais sobre a participação do elemento feminino e de outros grupos no trabalho evangélico em terras brasileiras.
[i] Outros eventos marcantes dos dramáticos anos 60 e 70 foram a luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, liderada pelo Rev. Martin Luther King, o movimento hippie, a Guerra do Vietnã, os protestos estudantis, a guerra fria e as revoluções comunistas e anti-comunistas na América Latina.
[ii] Para a definição deste e de outros conceitos correlatos, ver Donald K. McKim, Westminster Dictionary of Theological Terms (Louisville, EUA: Westminster/John Knox, 1996), 103-104.
[iii] Para maiores informações sobre os diferentes modelos de teologias feministas, ver H. Wayne House, Charts of Christian Theology and Doctrine (Grand Rapids: Zondervan, 1992), 13. A tradução dessa obra para o português será publicada brevemente pela Editora Vida.
[iv] Algumas dessas obras são: Júlio Andrade Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, 2 vols., 2ª ed. (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992; 1ª ed., 1960); Vicente Themudo Lessa, Annaes da Primeira Egreja Presbyteriana de São Paulo (1863-1903): Subsídios para a História do Presbiterianismo Brasileiro (São Paulo, 1938); Robert Leonard McIntire, Portrait of Half a Century: Fifty Years of Presbyterianism in Brazil (1859-1910) (Cuernavaca, México: Centro Intercultural de Documentación, 1969).
[v] Por exemplo, a conhecida autora Ruth A. Tucker tem escrito vários livros sobre missões. Um deles está traduzido para o português: “… Até aos Confins da Terra”: Uma História Biográfica das Missões Cristãs, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 1996). O livro tem um capítulo especial sobre missões brasileiras, que nada fala sobre as pioneiras presbiterianas. Outra obra de Ruth Tucker, desta vez especificamente sobre mulheres, é Guardians of the Great Commission: The Story of Women in Modern Missions (Grand Rapids: Zondervan, 1988), onde quase nada se diz sobre o Brasil.
[vi] Bons exemplos são o livro de Margarida Sydenstricker, Carlota Kemper, trad. Jorge Goulart (São Paulo: São Paulo Editora, 1941), e o de Clara G. M. Gammon, Assim Brilha a Luz: A Vida de Samuel Gammon, trad. Jorge Goulart (Lavras: Imprensa Gammon, 1959). Este último contém informações valiosas sobre a missionária Charlotte Kemper.
[vii] Em seu Diário, Simonton revela grande aflição por suspeitar que sua irmã e seu cunhado tivessem perecido no mar. Finalmente, veio o alívio: “Deus se mostrou melhor para nós do que nossos temores nos levavam a supor. O Monticello deitou âncoras no porto às 6 da tarde de 24 de julho”. Ashbel G. Simonton, Diário: 1852-1867, trad. D. R. de Moraes Barros (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1982), 164.
[viii] Vicente Themudo Lessa, Padre José Manoel da Conceição, 2ª ed. (São Paulo: Estabelecimento Gráfico Cruzeiro do Sul, 1935), 21.
[ix] O casal Blackford não teve filhos.
[x] Ferreira, História da IPB, I:84.
[xi] “Exma. Sra. Elisabeth Blackford,” Imprensa Evangélica (17 de abril de 1879), 124. Diz o articulista: “O escritor destas linhas teve o privilégio de conhecer de perto a Exma. Sra. Blackford e de apreciar as suas virtudes e a nobreza e dedicação de seu caráter”.
[xii] Ibid. Ver Lessa, Annaes, 175. No túmulo de Elizabeth estão as palavras de 2 Tm 1.12: “I know whom I have believed” (Eu sei em quem tenho crido).
[xiii] Almanack de O Puritano, 1902, p. 40.
[xiv] Simonton, Diário, 183.
[xv] Philip S. Landes, Ashbel Green Simonton: Model Pioneer Missionary of the Presbyterian Church of Brasil (Forth Worth, Texas: Don Cowan, 1956), 41. Minha tradução.
[xvi] Simonton, Diário, 190.
[xvii] Landes, Ashbel Green Simonton, 43. Minha tradução.
[xviii] Simonton, Diário, 191.
[xix] A filha do casal, que recebeu o mesmo nome da mãe, Helen Murdoch Simonton, faleceu em Baltimore a 7 de janeiro de 1952, com 88 anos. Simonton: Inspirações de uma Existência, trad. e com. Maria Amélia Rizzo (São Paulo, 1962), 180.
[xx] Keziah era filha do Dr. James McFadden Gaston, médico e presbítero de Campinas que fora cirurgião do exército do sul na Guerra Civil americana e escreveu o livro Hunting a Home in Brazil (1867). Ferreira, História da IPB, I:106, 166-67; Lessa, Annaes, 200.
[xxi] Ver James E. Bear, Mission to Brazil (Board of World Missions, Presbyterian Church U.S., 1961), 222-224.
[xxii] Outras esposas missionárias que dedicaram muitos anos ao Brasil foram Harriette Taylor Armstrong (1891-1947), Willie Humphreys Gammon (1894-1906), Emma Rebecca Carter Allyn (1896-1925) e Mattie Moseley Henderlite (1893-1923).
[xxiii] Ferreira, História da IPB, I:462-66. O veterano Rev. William M. Thompson escreveu o seguinte sobre D. Rena: “Estas notas não estariam completas se eu não mencionasse a maravilhosa mulher que possibilitou ao Dr. Butler consagrar-se à sua obra, acudindo quanto pode nas horas difíceis… D. Rena valia por uma multidão”. Ibid., II:187.
[xxiv] Lessa, Annaes, 299.
[xxv] Ferreira, História da IPB, I:548-54.
[xxvi] Ibid., II:366. Ferreira refere-se a essa família como um celeiro de esposas de missionários. Katherine Ives Hall, esposa do Rev. William C. Porter, era prima das referidas irmãs.
[xxvii] Ibid., I:472.
[xxviii] McIntire, Portrait of Half a Century, 7/54-55. Minha tradução.
[xxix] Ferreira, História da IPB, I:241.
[xxx] Ibid., I:242. Essas e outras informações interessantes encontram-se em um artigo de O Estandarte (7 de janeiro de 1943) escrito por Albina Pires de Campos. Luíza P. Magalhães faleceu em 1921 e seu esposo dois anos mais tarde.
[xxxi] Júlio Andrade Ferreira, Profeta da Unidade: Erasmo Braga, Uma Vida a Descoberto (Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes/Tempo e Presença, 1975), 13.
[xxxii] Lessa, Annaes, 274; Ferreira, Profeta da Unidade, 90.
[xxxiii] Ferreira, História da IPB, I:325-25.
[xxxiv] Ibid., II:260.
[xxxv] O Puritano (11 de junho de 1925), 5-6.
[xxxvi] Ver Lessa, Annaes, 86, 142, 176; Ferreira, História da IPB, I:527.
[xxxvii] Ferreira, História da IPB, I:211.
[xxxviii] Lessa, Annaes, 349.
[xxxix] Ferreira, História da IPB, I:527-28.
[xl] Ferreira transcreve uma bem-humorada descrição das instalações e atividades da Escola Americana de Curitiba. História da IPB, I:524-526.
[xli] Ibid., I:526-27. Robert L. McIntire diz que Mary era rigorosa e Elmira, maternal. Portrait of Half a Century, 7/57.
[xlii] Ibid., II:191.
[xliii] Bear, Mission to Brazil, 14.
[xliv] Lessa, Annaes, 285.
[xlv] Sydenstricker, Carlota Kemper, 7-14.
[xlvi] Ibid., 21-25. A Comissão Executiva de Missões hesitou em aceitar uma missionária daquela idade, mas, tendo em vista sua excelente saúde, grande preparo, conhecimento de línguas e dedicação aos estudos, resolveu abrir uma exceção. Ibid., 22.
[xlvii] Ibid., 26.
[xlviii] Gammon, Assim Brilha a Luz, 44.
[xlix] Inicialmente, Charlotte adoeceu e foi assistida pelo Dr. Lane, que muito orou por sua saúde. Tendo ela se restabelecido, o Dr. Lane adoeceu gravemente e, apesar dos cuidados recebidos, veio a falecer. Gammon, Assim Brilha a Luz, 54-55; Sydenstricker, Carlota Kemper, 29-30.
[l] Ferreira, História da IPB, I:328-29, 489.
[li] Tratava-se da South Brazil Mission, distinta da North Brazil Mission (Missão Norte), que atuava no Nordeste, acima do Rio São Francisco. Em 1906, a Missão Sul dividiu-se em Missão Leste (oeste de Minas) e Missão Oeste (São Paulo e Triângulo Mineiro).
[lii] Charlotte era conhecida na escola e na cidade como “Miss Bondade”.
[liii] Gammon, Assim Brilha a Luz, 64, 81-82, 84-86. Ver Ferreira, História da IPB, I:495-98. Em 1908, a Missão Leste deu à escola de moças o nome de Carlota Kemper. Ver o testemunho de sua ex-aluna Maria de Melo Chaves em Bandeirantes da Fé (Belo Horizonte, 1947), 107-108.
[liv] Sydenstricker, Carlota Kemper, 42-50, 88-95. Ver Ferreira, História da IPB, II:134-36, 262-65.
[lv] Ferreira, História da IPB, I:329-30, 492-93.
[lvi] Ibid., II:203. Ver também I:505-506; II:77.
[lvii] Ibid., I:489, 492, 550-52.
[lviii] Ibid., II:106-108, 137, 250.
[lix] Quase todas trabalharam na Escola Americana, assim como as brasileiras Adelaide Molina e Palmira Rodrigues, que se casou com o Rev. Antônio Pedro de Cerqueira Leite. Benedicto Novaes Garcez, O Mackenzie (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1970), 38-39.
[lx] Ruth See foi a última missionária da Igreja do Sul a chegar ao Brasil no século dezenove (1900). Trabalhou na Missão Leste até 1947 e faleceu no Brasil em 1960. Sobre o seu trabalho, ver Gammon, Assim Brilha a Luz, 90. Possuo um comentário das Epístolas Gerais, escrito por Charles R. Erdman, que lhe pertenceu. A primeira página diz: “Ruth B. See. Bom Successo, Minas, Brazil. Feb 3, 1919”.
[lxi] Ibid., I:78.
[lxii] Émile-G. Léonard, O Protestantismo Brasileiro: Estudo de Eclesiologia e História Social, 2ª ed. (Rio de Janeiro e São Paulo: JUERP/ASTE, 1981), 95.
[lxiii] Boanerges Ribeiro, O Padre Protestante, 2ª ed. (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1979), 131.
[lxiv] Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira: Aspectos Culturais da Implantação do Protestantismo no Brasil (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981), 50.
[lxv] Ibid., 183.
[lxvi] Rosa Edite foi a primeira esposa do professor Remígio de Cerqueira Leite. Era filha do Dr. Miguel Vieira Ferreira, destacado republicano e membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, onde produziu uma cisão em 1879, criando a Igreja Evangélica Brasileira. Lessa, Annaes, 160,162. Ver Émile-G. Léonard, O Iluminismo num Protestantismo de Constituição Recente, trad. Prócoro Velasques Filho e Lóide Barbosa Velasques (São Paulo: Programa Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião, 1988), 26-65.
[lxvii] Lessa, Annaes, 43, 154-55. Ver Léonard, Protestantismo Brasileiro, 95-96.
[lxviii] Léonard, Protestantismo Brasileiro, 96. Ver Lessa, Annaes, 205.
[lxix] Léonard, Protestantismo Brasileiro, 96-97. O Dr. George Butler recebeu em São Luís do Maranhão, em 1885, Maria Bárbara Belfort Duarte, e no ano seguinte Paulina Jansen Tavares, cujos maridos, Francisco de Paula Belfort Duarte e o General Tavares, tiveram participação destacada na Proclamação da República. Lessa, Annaes, 278-79. Sobre Belfort Duarte, ver David Gueiros Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil (Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1980), 157-58.
[lxx] Um bom exemplo disso são os comentários nem sempre edificantes que Mary Dascomb fazia sobre outras pessoas em cartas dirigidas a colegas seus, especialmente ao Dr. Horace M. Lane. Ver Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana do Brasil, da Autonomia ao Cisma (São Paulo: O Semeador, 1987), 42-44.
[lxxi] Tucker, Guardians of the Great Commission, 9. Minha tradução.